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Drogas sintéticas ganham espaço, principalmente na Ásia, diz ONU

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Agência AFP

VIENA - A maconha continua sendo a droga ilegal de maior consumo no mundo, mas as substâncias sintéticas estão ganhando terreno, particularmente na Ásia, indica o relatório anual do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC).

O número de consumidores de drogas sintéticas, entre 40 e 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a UNODC, poderá superar em breve o de consumidores de cocaína e heroína somados, indica o documento.

Produzidas perto das zonas de consumo, com matérias-primas geralmente legais e disponíveis, as drogas sintéticas desenvolvem-se em muitos casos com maior rapidez que as leis que procuram limitar sua expansão, segundo um comunicado da UNODC.

Assim, surgiram novos laboratórios clandestinos (alta de 20% em 2008), particularmente em países em que anteriormente não se via nenhum.

A produção de ecstasy cresceu na América do Norte, particularmente no Canadá e na Ásia. O provável êxito dessa substância no continente asiático parece compensar a diminuição do consumo na Europa desde 2006.

Entre 130 e 190 milhões de pessoas fumaram maconha ao menos uma vez em 2009. Segundo as estimativas mais recentes da UNODC, o Afeganistão, primeiro produtor mundial de ópio, também ocupa o primeiro lugar em resina de cannabis.

Por outro lado, o relatório registra uma diminuição da produção e da superfície dedicada ao cultivo de cocaína e heroína.

A UNODC, cuja sede está em Viena, estima que 430 toneladas de heroína sejam comercializadas no mercado mundial em 2009, ou seja, menos que anteriormente, dada a redução da atividade no Afeganistão e na Birmânia. Essa tendência poderá manter-se em 2010, já que um quarto das plantas de papoula sofrem de alguma doença.

No nível mundial, o cultivo de papoula diminuiu em 23% nesses dois últimos anos, mas continua sendo consideráveis no Afeganistão (12.000 toneladas).

Em relação à cocaína, estima-se que a produção diminuiu entre 12% e 18% de 2007 a 2009. Os consumidores na Europa passaram dos 2 milhões para 4,1 milhões de 1998 a 2008, o que causou mudanças no itinerário do tráfico, que passaram a incluir a África.

"Quem cheira cocaína na Europa está destruindo florestas nos países andinos e corrompendo os governos da África ocidental", afirma o diretor executivo da UNODC, Antonio Maria Costa.

A UNODC também afirma que mais da metade dos carregamentos de cocaína com destino à Europa, interceptados entre 2006 e 2008, provem da Venezuela.

De forma geral, a UNODC cita a violência vinculada ao tráfico. Assim, levando em conta as respectivas populações, o índice de assassinatos relacionados às drogas é mais alto no conjunto formado por Guatemala, Honduras e El Salvador que no México.

Por último, a agência cita o aumento do consumo de drogas ilegais em países de trânsito, na maioria pobres, de África, América do Sul, Oriente Mèdio e Sudeste asiático. Por não existir recursos suficientes para atender casos de vício, "milhões de pessoas" correm o risco de se tornar dependentes, estima Costa.