Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) pediram neste sábado que seja evitada uma corrida de desvalorização das principais moedas mundiais, durante cúpula das duas potências em Lisboa. O presidente americano, Barack Obama, e os líderes europeus se comprometeram em nome de seus países, ao mesmo tempo em que chamaram seus sócios do G20, a "evitar uma desvalorização competitiva ou políticas de taxas de câmbio que não reflitam" a situação econômica real, em um comunicado conjunto. "Reafirmamos a necessidade de que as moedas correspondam aos mercados, e que os países com superávits favoreçam a demanda interna", declarou Obama em uma coletiva de imprensa, após discussões que duraram menos de 90 minutos. Obama também disse que o melhor que pode fazer pela Europa é garantir o crescimento da economia americana, reconhecendo que será uma "tarefa difícil". Na última semana, na cúpula do G20 em Seul, Obama lançou uma ofensiva diplomática sobre o iuane chinês. Washington acusa regularmente Pequim de manter o iuane artificialmente baixo para favorecer as exportações e aumentar ainda mais seu superávit comercial, em detrimento da indústria dos EUA. Em resposta, a China e outros grandes países exportadores, como a Alemanha, assim como países emergentes, criticaram o Federal Reserve (Fed, banco central americano) por sua recente decisão de injetar 600 bilhões de dólares na economia dos EUA para estimular o crescimento. Segundo eles, a medida do banco central americano contribuirá para desvalorizar o dólar, encarecendo assim suas moedas, além de favorecer a entrada nos países emergentes de capitais especulativos, que podem criar bolhas. No entanto, as 20 principais economias industrializadas e emergentes do mundo se comprometeram a abster-se de desvalorizações competitivas das moedas como meio de favorecer as próprias exportações e sair da crise atual. O objetivo da cúpula deste sábado era recuperar o tempo perdido após o cancelamento de uma reunião anterior, no final de maio em Madri, com o presidente da UE, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. A recente crise bancária da Irlanda foi o pano de fundo para o encontro, já que os americanos mostraram-se abertamente preocupados nos últimos dias por suas conseqüências no sistema financeiro internacional.