A conferência de Cancún, que nesta sexta-feira deve terminar com acordos para se combater a mudança climática, registrou um "progresso sensível", afirmou a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, ao apresentar uma proposta de acordo para análise.
Brasil acredita em acordo sobre Kyoto
Os negociadores na conferência do clima da ONU, em Cancún, concordaram com uma proposta para superar os obstáculos que bloqueiam as reuniões, ou seja, a oposição de Japão e Rússia a estender para além de 2012 o protocolo de Kioto, informou nesta sexta-feira a delegação brasileira.
A solução encontrada por britânicos e brasileiros e que deve ser apresentada ao plenário é uma declaração "que reafirma a urgência das negociações serem concluídas para evitar um hiato entre o primeiro e o segundo período decompromisso de Kioto", afirmou o negociador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo.
Japão e Rússia "aceitam essa linguagem, antes não a aceitavam", ressaltou.
"É uma linguagem positiva, que indica claramente um segundo período de compromissos" do protocolo de Kioto, o único acordo legal que obriga os países ricos a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, acrescentou.
Japão e Rússia têm sido irredutíveis a aceitar se comprometer com uma extensão de Kioto além de 2012 e, portanto, assumir novas metas de redução de emissões, por considerar que ele não inclui dois dos maiores emissores do planeta: os Estados Unidos, porque nunca o ratificaram, e a China, por não ser um país desenvolvido.
Ao mesmo tempo, um documento pode conter as promessas de controle de emissões apresentadas após a conferência de Copenhague, em 2009, por muitos países, incluindo os EUA e as nações em desenvolvimento.
"Tomaremos nota de um documento onde constam esses anúncios. Esta compilação não foi feita, será feita", disse o brasileiro à imprensa.
Figueiredo considerou esses compromissos "um passo à frente, se levarmos em conta que em Copenhague não houve nada sobre o segundo período do protocolo de Kioto".
A Europa é a favor da prolongação do Protocolo, mas o acordo permanece no ar com a ausência de Japão e Rússia.
Os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, exigem um compromisso sobre a extensão de Kioto para avançar nos acordos desta conferência, que deve terminar nesta sexta-feira.