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Deserção de chanceler é golpe para Kadafi, mas tropas avançam no leste

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TRÍPOLI - O dirigente líbio Muamar Kadafi sofreu um duro golpe político com a deserção de seu ministro das Relações Exteriores, Mussa Kussa. Mas, no campo de batalha, suas tropas conseguiram deter o avanço dos rebeldes no leste do país.

Apesar de Mussa Kussa ser uma das principais figuras do gabinete Kadafi, o regime reagiu à notícia da deserção do ministro afirmando que "não dependia de indivíduos", segundo o porta-voz Mussa Ibrahim, que não confirmou ou desmentiu a saída do chanceler. "É uma luta de toda uma nação, e não depende de indivíduos ou de dirigentes, qualquer que seja seu posto", indicou.

Mussa Kussa, de 59 anos, esteve vinculado nos últimos anos a todas as negociações que permitiram que a Líbia voltasse a ser frequentável para o Ocidente. Em sua condição de chefe do serviço de inteligência, de 1994 a 2009, Kussa foi o homem forte dos comitês revolucionários, coluna vertebral do regime líbio e homem de confiança de Kadafi.

Para o secretário britânico do Foreign Office (Relações Exteriores), William Hague, a deserção de Kussa demonstra que regime líbio "está afundando por dentro". Kussa, que está em Londres, não recebeu uma oferta de imunidade da justiça britânica e internacional, destacou Hague.

Um alto dirigente americano classificou a deserção como uma notícia muito importante, que mostra que os colaboradores de Kadafi já não confiam na solidez do regime. A renúncia de Kussa é "um sinal de que os dias do regime estão contados", segundo o ex-ministro líbio da Imigração, Ali Errischi, falando à rede de televisão France-24.

"Sempre disse que os dirigentes líbios são todos reféns em Trípoli. É incrível ver de que maneira Kussa conseguiu escapar. Kadafi já não conta com ninguém. Agora são só ele e seus filhos", acrescentou.

Por outro lado, a Otan assumiu às 06H00 GMT desta quinta-feira o comando das operações na Líbia, substituindo os Estados Unidos à frente da coalizão internacional que, desde 19 de março, dirige a intervenção contra as forças de Muamar Kadafi, anunciou o secretário-geral da organização com sede em Bruxelas, Anders Fogh Rasmussen.

"Às 06H00 GMT (03H00 de Brasília) de quinta-feira, a Otan tomou o comando das operações aéreas internacionais na Líbia", anunciou Rasmussen. "A Aliança dispõe de todos os meios necessários para conduzir suas missões sob a competência da operação 'Protetor Unificado': o embargo das armas, a zona de exclusão aérea e as ações para proteger os civis e centros urbanos", acrescentou.

No terreno, as forças governamentais líbias e os rebeldes se enfrentavam nesta quinta-feira nos arredores do terminal petroleiro de Brega (leste), segundo depoimentos obtidos pela AFP a 30 km do local.

Os rebeldes instalaram um posto de controle a leste de Brega, na estrada que vai até Ajdabiya, e não era possível saber quem controlava o terminal petroleiro. Segundo os depoimentos, os combates são violentos na cidade, que fica 800 km a leste de Trípoli. Aviões sobrevoavam a região e executavam bombardeios, mas não foi possível determinar os alvos atacados.

Segundo o capitão do Exército líbio Awad Alourfi, que passou para o lado da rebelião, Brega é cenário de batalhas nas ruas e pequenos grupos leais a Kadafi "percorrem a cidade em veículos e disparam contra as pessoas". Pelo menos um rebelde morreu nos confrontos.