DAMASCO - Milhares de pessoas participaram neste sábado, em Banias, noroeste da Síria, dos funerais de um homem que morreu baleado em 10 de abril, segundo militantes de direitos humanos. Os manifestantes gritaram slogans contra o partido Baath, no poder na Síria há quase 50 anos, e pediram liberdades e a queda do regime.
Cerca de 400 mulheres também se manifestaram no centro da cidade para prestar uma homenagem ao morto.
Usama al Shija, de 40 anos, morreu perto da mesquita Abu Bakr al Sidiq, quando sete carros chegaram diante do templo e seus ocupantes abriram fogo no momento da oração matinal.
Na véspera, milhares de sírios se manifestaram contra o regime, apesar da libertação de manifestantes detidos desde o início do movimento de protesto no dia 15 de março e após a formação de um novo governo, responsável por empreender reformas.
"Entre 2.500 e 3.000 pessoas se manifestaram na praça Al-Saraya, no centro de Deraa (sul), gritando slogans a favor da liberdade e hostis ao regime", afirmou à AFP um militante de direitos humanos que pediu o anonimato. Foi nesta cidade, situada 100 km ao sul de Damasco, que a revolta teve início. "Mais vale a morte que a humilhação", gritavam os manifestantes.
Estas novas manifestações, convocadas pelos manifestantes no Facebook, ocorrem um dia após a formação de um novo governo. Este gabinete, dirigido por Adel Safar, tem por objetivo implementar o programa de reformas que inclui o levantamento da lei de emergência, em vigor desde 1963, a liberalização da imprensa e a instauração do pluralismo político, medidas exigidas pelos manifestantes.
Os líderes dos principais ministérios, em especial da Defesa, Relações Exteriores e Petróleo, permanecem em seus cargos. A Human Rights Watch acusou, por sua vez, nesta quinta-feira, os serviços de segurança sírios de torturar muitos manifestantes detidos desde o início dos protestos.
Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 200 pessoas morreram na repressão, a maioria delas pelas forças de segurança ou por policiais à paisana.