RAMALLAH -"A Autoridade Palestina afundará se Israel persistir em sua exigência de manter uma presença militar no território de um futuro Estado palestino", afirmou o presidente da entidade, Mahmud Abbas, em uma entrevista exclusiva à AFP.
Abbas explicou que, durante as negociações de paz em setembro de 2010, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou sobre sua vontade de manter durante 40 anos uma presença militar na zona que cerca o vale do Jordão, na Cisjordânia.
"Se ele deseja ficar 40 anos, isso quer dizer que é uma ocupação, que ele manterá a ocupação. E eu respondo: ''Se insistir nisso, deixe suas tropas aqui e continue com sua ocupação para sempre''", declarou Abbas, enfatizando que Netanyahu rejeitou a proposta de mobilização de uma força internacional, especialmente da Otan, na fronteira.
Na hipótese de que a vontade israelense se concretize, "não haverá mais Autoridade Palestina", alertou Abbas, que, em muitas ocasiões, mostrou sua rejeição à permanência de qualquer soldado hebreu num futuro Estado palestino.
Esta é a primeira vez que Abbas fala claramente do desaparecimento da Autoridade Palestina no caso de permanência de Israel em território palestino.
Em outra entrevista concedida à AFP, Netanyahu explicou: "Precisamos de uma presença israelense ao longo da fronteira jordaniana. Precisamos de uma barreira física para impedir uma infiltração por parte do Irã e de seus agentes".
"Quando abandonamos a Faixa de Gaza (em 2005), deixamos uma missão de assistência fronteiriça da União Europeia ao longo da fronteira com o Egito, que saiu após a tomada do poder pelo Hamas (em 2007)", ressaltou Netanyahu.
"Igualmente, o balanço das forças internacionais no Líbano não é nada animador. Quantos agentes do Hezbollah foram detidos pela Força da ONU no Líbano?" (FINUL), perguntou. "A FINUL impediu o Hezbollah de aumentar seu arsenal com 60 mil mísseis?", argumentou.
Frente ao bloqueio do processo de paz e as estéreis negociações entre ambas as partes para chegar a um acordo, os dirigentes palestinos, que recorrem com frequência ao "modelo sul-africano" de emancipação não violenta, se mostram decididos a proclamar um Estado próprio no prazo de um ano.
As alternativas vão desde submeter a iniciativa à ONU e contatos diplomáticos a outras mais radicais, como a suspensão dos acordos alcançados com Israel, e inclusive a dissolução da Autoridade Palestina.
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