São Paulo – A construção de uma linha de trem de alta velocidade (TAV) ligando as cidades do Rio de Janeiro e de Campinas pode ser uma alternativa para o transporte intermunicipal de passageiros nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, estações construídas ao longo da ferrovia podem interligar municípios e reduzir o uso de automóveis e ônibus.
Durante seminário para debater o projeto do primeiro trem-bala brasileiro, realizado hoje (18) na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Figueiredo disse que a concorrência pública para a construção e a operação do trem exigem ferrovias que comportem trens de alta velocidade. Isso não impede, porém, que essas linhas sejam usadas também por trens mais lentos, que farão viagens mais curtas dentro de uma mesma região.
“O projeto do TAV prevê algumas paradas obrigatórias. Agora, onde a empresa vencedora quiser construir outras estações, pode construir”, afirmou Figueiredo, após participar do seminário. “Provavelmente, teremos uma estação em Resende, em Volta Redonda, em Taubaté, em São José dos Campos, em Aparecida do Norte e em Guarulhos.”
De acordo com Figueiredo, o maior número de estações ajuda a empresa a aumentar seu faturamento, pois aumenta o acesso ao trem-bala. Isso ainda não inviabiliza o projeto do governo federal de criar uma ligação rápida entre Campinas, São Paulo e Rio.
“No Japão, o trem de alta velocidade tem paradas a cada 30 quilômetros. Você não precisa de todos os trens parando em todas as estações. Você pode ter serviço que para em duas estações, um que para em três, um que para em dez”, explicou ele. “Nos estudos que fizemos, nós temos, no horário de pico, a cada 20 minutos um trem direto e, a cada 20 minutos, um trem regional.”
Figueiredo acrescentou que o atendimento regional do TAV faz parte de um plano do governo de incluir as ferrovias no sistema de transporte de pessoas. Além do TAV, linhas de trens de carga em construção também já estão sendo projetadas para serem usadas no transporte público. “Nós vamos explorar essa possibilidade”, disse Figueiredo.
O secretário de Transportes do estado do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, apoiou o projeto do governo federal e disse que o trem-bala muda o modelo do transporte de passageiros entre São Paulo e Rio. “O trem quebra o paradigma de transporte desta megalópole que será São Paulo-Rio de Janeiro”, disse Lopes.
O secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Jurandir Fernandes, afirmou que o governo paulista já estuda formas de interligar as linhas de trens e metrôs já existentes ao TAV. Ele também apoiou a construção do trem-bala e sua utilização no transporte regional. “Estamos convencidos de que vale a pena lutar por essa proposta”, afirmou.
Figueiredo, da ANTT, disse que o leilão para construção do TAV ocorrerá em julho. A construção da ferrovia deve começar no segundo semestre de 2012 e a expectativa é que até 2018 o trem-bala já esteja operando.