Para comemorar o 45º aniversário da Jazz Times, os editores da influente revista especializada pediram a 60 críticos e/ou músicos que listassem de cinco a 10 conjuntos (de trios a nonetos) por eles considerados os melhores combos de jazz de todos os tempos.
Os resultados consolidados dessa lista muito especial dos 45 mais importantes (ou significativos) small groups jazzísticos,de um ponto de vista histórico, pode ser lida e discutida na edição digital da JT de setembro deste ano, já disponível para os assinantes. Os critérios seguidos pelos “eleitores” convidados foram, principalmente, comunicação, empatia e “confluência única de personalidades individuais”.
Os 10 primeiros conjuntos do “listão” foram os seguintes (pela ordem), destacados os seus líderes:
1) John Coltrane: O “quarteto clássico” (Coltrane, saxes tenor e soprano; McCoy Tyner, piano; Jimmy Garrison, baixo; Elvin Jones, bateria), que gravou A love supreme (Impulse,1964).
2) Miles Davis: O “segundo grande quinteto” (Davis, trompete; Wayne Shorter, sax tenor; Herbie Hancock, piano; Ron Carter, baixo; Tony Williams, bateria). Dentre os registros desse quinteto (1964-68), destaque para o álbum Miles smiles (Columbia Legacy).
3) Ornette Coleman: O quarteto que “proclamou” o free jazz, em 1959, a partir do LP The shape of jazz to come (Atlantic, 1959), com Coleman (sax alto), Don Cherry (corneta), Charlie Haden (baixo) e Billy Higgins (bateria).
4) Miles Davis: O “primeiro grande quinteto/sexteto” (Davis, trompete; Cannonball Adderley, sax alto; John Coltrane, sax tenor; Red Garland, piano; Paul Chambers, baixo; Philly Joe Jones, bateria). O disco mais celebrado desse quinteto (sem Adderley) foi Round about midnight (Columbia, 1955-56).
5) Louis Armstrong: Os conjuntos Hot Five e Hot Seven (1925-27), registrados pela Okeh e preservados pela Columbia (Armstrong, corneta; Kid Ory, trombone; Pete Briggs, tuba; Johnny Dodds, clarinete; Johnny St.Cyr, banjo; Lil Hardin, piano; Baby Dodds, bateria).
6) Bill Evans: O primoroso trio (1959-61) do pianista com Scott LaFaro (baixo) e Paul Motian (bateria), registrado, originalmente, em dois álbuns do selo Riverside: Sunday at the Village Vanguard e Waltz for Debby.
7) Art Blakey & The Jazz Messengers: O sexteto do lendário baterista com a formação do período 1961-64 (Blakey, bateria; Freddie Hubbard, trompete; Curtis Fuller, trombone; Wayne Shorter, sax tenor; Cedar Walton, piano; Jymie Merritt ou Reggie Workman, baixo). Os LPs mais representativos desse sexteto foram Caravan (Riverside, 1962) e Free for all (Blue Note, 1964).
8) Weather Report: O grupo fusionista liderado pelo tecladista Joe Zawinul, com a escalação do período 1976-81, que incluía Wayne Shorter (saxes), Jaco Pastorius (baixo elétrico), Manolo Badrena ou Robert Thomas Jr (percussão).
9) Charlie Parker/Dizzy Gillespie: The Quintet (Parker, sax alto; Gillespie, trompete; Bud Powell, piano; Charles Mingus, baixo; Max Roach, bateria). Os cinco founding fathers do bebop gravaram, em 1953, ao vivo, no Massey Hall (Toronto, Canadá), o quintessencial LP intitulado The Quintet. Foi a única vez em que os cinco gênios do jazz gravaram juntos.
10) Charlie Parker Quintet/1947: O conjunto responsável pelas sagradas matrizes Savoy que perpetuaram, numa mesma sessão, Donna Lee, Chasin the Bird, Cheryl e Buzzy (Parker, sax alto; Miles Davis, trompete; Bud Powell, piano; Tommy Potter, baixo; Max Roach, bateria).
COMENTÁRIOS
1) É, no mínimo, lamentável que a pontuação dos críticos e/ou músicos convidados pela Jazz Times para selecionar os 45 mais importantes/significativos pequenos conjuntos de jazz de todos os tempos tenha colocado em 9º e 10º lugares os dois quintetos liderados por Charlie Parker. E atrás do Weather Report!
2) Também lamentável: Dois quartetos de Thelonious Monk (o de 1957-58, com John Coltrane, e o de 1964-69, com Charlie Rouse) só conseguiram as pontuações necessárias para chegar em 25º e 28º lugares. E o sexteto de Charles Mingus de 1964 ficou escondido na 27ª colocação.