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o passado que não queremos ver

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Livro mostra, com documentos, que judeus em fuga do nazismo eram indesejados no Brasil E ntre 1933 e 1948, o governo brasileiro emitiu dezenas de circulares secretas com o objetivo de dificultar, ou até mesmo impedir, a entrada de judeus que fugiam do nazismo e do fascismo que dominavam a Europa. O mito do “Brasil cordial” pode ser confrontado agora com o lançamento de Cidadão do mundo – o Brasil diante do holocausto e dos judeus refugiados do nazifascismo – 1933-1948 (Editora Perspectiva, 476 páginas, R$ 75). A obra, da historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, analisa o contexto do chamado cidadão do mundo: o judeu que começou a ser perseguido na Europa, a partir de 1933, com a ascensão do nazismo na Alemanha.

– À medida que os nazistas invadiram outros países, surgiram novos fluxos migratórios de judeus alemães, que se somaram às novas nacionalidades de judeus refugiados da guerra, como austríacos e poloneses – observa Maria Luiza.

Com a perda da identidade jurídica decorrente da perseguição nazista, os judeus fugiram de seu país de origem e começaram a buscar rotas de fuga – muitas delas incluindo o Brasil.

– Mas, aqui, eles encontraram receptividade apenas dentro da comunidade judaica – revela a historiadora. – A posição oficial do governo brasileiro era de descaso, ou até mesmo de omissão. As circulares secretas mostram que a orientação dada aos diplomatas brasileiros era de dificultar ou simplesmente negar a emissão de vistos para os refugiados judeus.