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Sexta, 2 de maio de 2025

Crítica | SE BEBER NÃO CASE! 2 | Um gole a mais

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Quem integra o time que riu de montão com as loucuras do trio Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) no primeiro longa de 2009, pode se preparar porque vem mais por aí. Por outro lado, se existe em você algum tipo de filtro para baixarias, que faz com que certas piadas tornem-se indigestas, o riso pode não ficar tão frouxo. 

O filme foi escrito, produzido e dirigido pelo mesmo cara do original, Todd Phillips, e a gente não pode dizer que ele errou, mas é certo  que exagerou. Na nova aventura, após uma divertida introdução, a turma acorda em Bangkok totalmente chapada, com menos um integrante e sem a menor ideia do que aconteceu na véspera do casamento de Stu. Se o leitor achou igual ao outro, a frase inicial de um deles é emblemática: “Aconteceu de novo”. Assim, para resolver o problema, vão ter que relembrar o que aconteceu nas últimas horas de suas vidas, como se tivessem apertando o botão “REW” dos gravadores de antigamente. A ideia funcionou nos dois filmes e é digna de mérito porque impõe um ritmo constante e frenético. E a história simples  segura-se bem na medida em que libera, em doses homeopáticas, porém intensas, os fatos ocorridos, formando a colcha de retalhos diante do espectador. 

O gole a mais foi transformar o que parecia ser um pequeno detalhe fálico, proporcional ao tamanho do membro do Mr. Chow (Ken Jeong) mostrado no início, numa grande fixação explorada ad nauseam, revelando um claro flerte com o estilo dos irmãos Farrely (Quem vai ficar com Mary?) de fazer cinema e que não agrada a muita gente. É quando a força das imagens tenta camuflar a fragilidade do roteiro, buscando no bizarro e na escatologia,  um jeito curto e grosso de provocar o riso. Pode dar certo, claro, mas se todo mundo sabe “que existem mil maneiras de se fazer Neston”, por que não inventar uma? Não parece faltar criatividade aos envolvidos, mas sobrou preguiça. E o que se vê são cenas apelativas com macacos fumantes e fixação oral, imagens de crianças consumindo drogas de todos os tipos e – acredite – a necessidade constante (e broxante) de lembrar que um dos amigos foi vítima da famosa frase “c... de bêbado não tem dono”. 

Apesar de cenas com alguma ação, a curiosidade veio na área musical. Além do ator Ed Helms entoar uma breve, mas sonora, canção ao violão (Allan’s town), desenterraram dois sucessos diametralmente opostos nos estilos, e cantados por figuras igualmente distintas. Um deles foi I ran (so far away), new wave britânico do A flock of seagulls, nas mãos de uma banda cover tailandesa. E o outro foi o hit One night in Bangkok, polêmico na Tailândia por falar mal do budismo, entre outras coisas. Composto pelo pessoal do ABBA, a música foi cantada (e desafinada) por ninguém menos do que Mike Tyson. Já imaginou o nocaute?  Quem chegou até aqui e está pronto para encarar o filme, não saia antes dos créditos finais porque fotos pesadas vão “passar a régua” em qualquer dúvida que tenha ficado para trás. É ver parar crer. E se chocar diante de um típico caso de quando mais é menos, podendo provocar um certo gosto de ressaca até em quem gostou do primeiro filme.