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Viagem do papa ao Rio tem influência de Bento XVI

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Os cinco meses desde a renúncia de Bento XVI não serão suficientes para apagar as marcas que o papa emérito deixou na organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013. Em entrevista à ANSA, o cardeal e arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, admitiu que Joseph Ratzinger tinha, até fevereiro, um papel fundamental na preparação do evento, que ocorre entre os dias 23 e 28 de julho, no Rio de Janeiro. 

"A Jornada Mundial da Juventude recebeu uma impostação de Bento XVI, porque foi ele quem convocou a JMJ no Rio de Janeiro e deu o tema do evento. Sua contribuição na organização foi muito grande até agora", disse Scherer.    

Ratzinger anunciou pessoalmente, em 21 de agosto de 2011, durante a missa de encerramento da JMJ em Madri, que a próxima edição do encontro mundial de jovens católicos seria realizada no Brasil. Três dias depois, Bento XVI informou que o tema da JMJ 2013 seria "Ide e fazei discípulos entre todas as nações". Segundo Dom Odilo Scherer, "quando assumiu o Pontificado, em março, o papa Francisco apenas fez uma revisão no cronograma da JMJ e, por ser mais jovem (76 anos, contra 86 de Bento XVI), aceitou expandir as atividades e compromissos" no país.    

Entre as alterações, destacam-se a visita a uma comunidade e a um hospital do Rio de Janeiro, a passagem pelo Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida e um encontro com membros do comitê de coordenação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam).    

Mesmo pequenas se comparadas aos sete dias de atividades no Brasil, essas mudanças dão à JMJ um toque do pontificado de Francisco. A visita à favela de Varginha, no Complexo de Manguinhos, e ao hospital Hospital São Francisco de Assis, que oferece tratamento a dependentes químicos, representam a preocupação do papa em defender uma igreja próxima dos pobres e necessitados. A ida até o município de Aparecida, por sua parte, resgata a importância que a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada em 2007 na cidade, teve para o papa. 

Na época, o então cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, presidiu a comissão que redigiu o documento final do encontro, o qual ditou as diretrizes da Igreja Católica na América Latina. Todos os outros eventos da Jornada Mundial da Juventude já estavam previstos no roteiro montado e aprovado por Ratzinger, que, em quase oito anos de Pontificado, presidiu três edições da JMJ: em 2005 (Alemanha), 2008 (Austrália) e 2011 (Espanha).