ASSINE
search button

Militares italianos conquistam 22 medalhas nos Jogos do Rio

Forças Armadas do país europeu têm política de incentivo ao esporte

Compartilhar

Muito se discutiu durante os Jogos Olímpicos sobre as continências prestadas por atletas brasileiros, mas o país não é o único onde as Forças Armadas participam ativamente da política esportiva. Dos 28 pódios da Itália no Rio de Janeiro, 22 tiveram a presença de militares ou policiais, nada menos do que 78% do total.

Ao todo, foram sete ouros, oito pratas e sete bronzes conquistados pelas Forças Armadas e pelas polícias da nação da bota nas Olimpíadas de 2016. Se somente esses resultados fossem computados, a Itália ficaria em 13º lugar no quadro de medalhas, à frente justamente do Brasil.

Dos medalhistas individuais, apenas três não estão ligados às forças do Estado: Elia Viviani (ouro no ciclismo de pista), Rossella Fiamingo (prata na esgrima) e Marco Innocenti (prata no tiro esportivo). Os três restantes são de esportes coletivos: polo aquático feminino (prata) e masculino (bronze) e vôlei masculino (prata).

O Exército foi a Arma mais vitoriosa de todas, com oito pódios: os ouros de Diana Bacosi (tiro esportivo) e Fabio Basile (judô), as pratas de Francesca Dallapè (saltos ornamentais, ao lado de Tania Cagnotto), Rachele Bruni (maratona aquática) e Odette Giuffrida (judô) e os bronzes de Gabriele Detti (natação), duas vezes, e Frank Chamizo (luta olímpica).

Todos eles ostentam a patente de cabo-mor, com exceção de Chamizo, um cubano naturalizado italiano apenas em 2015 e que hoje é cabo do Exército. Já a Aeronáutica contribuiu com duas medalhas, ambas de prata: a dupla de primeiros-aviadores Daniele Lupo e Paolo Nicolai, derrotados pelos brasileiros Alison e Bruno na final do vôlei de praia, e o sargento Paolo Pizzo, da espada masculina por equipes da esgrima.

No mesmo time, estavam Enrico Garozzo, único medalhista da Arma dos Carabineiros, e Marco Fichera e Andrea Santarelli, do grupo esportivo Fiamme Oro (Flamas de Ouro, em tradução livre), que pertence à Polícia de Estado, desmilitarizada nos anos 1980.

Por sua vez, a Marinha subiu ao pódio com o subchefe Giovanni Abagnale, bronze ao lado do também flama de ouro Marco Di Costanzo na canoagem "dois sem".

A Guarda de Finanças, que é uma força armada com atuação de polícia, teve ouros com o atirador Niccolò Campriani (duas vezes) e o esgrimista Daniele Garozzo, uma prata individual e um bronze em dupla com Tania Cagnotto e o bronze de três dos quatro membros da equipe italiana de canoagem "quatro sem": Matteo Lodo, Domenico Montrone e Giuseppe Vicino.

Polícia

Entre as forças policiais da Itália, o maior destaque ficou com o grupo Fiamme Oro. Além das medalhas na espada por equipes e na canoagem, subiu ao pódio com os ouros de Gabriele Rossetti (tiro esportivo) e Gregorio Paltrinieri (natação), a prata de Elisa Di Francisca (florete individual) e o bronze de Elisa Longo Borghini (ciclismo de estrada).

Além disso, Giovanni Peliello, oficial da Polícia Penitenciária, e Chiara Cainero, do Corpo Florestal do Estado, conquistaram pratas no tiro esportivo. Há décadas a Itália investe no esporte por meio de suas Forças Armadas e polícias, recrutando e apoiando atletas de "interesse nacional" que disputam modalidades olímpicas.

Esse modelo serviu de inspiração para o Ministério da Defesa do Brasil, que fornece estrutura e paga salários fixos a competidores de alto rendimento. O resultado dessa política pôde ser visto no Rio de Janeiro, com diversos medalhistas brasileiros prestando continência no pódio - nenhum dos italianos imitou o gesto.

Na Itália, esses atletas se tornam militares ou policiais por meio de concursos públicos realizados periodicamente. Geralmente, eles recebem um treinamento para atividades básicas, e seus salários seguem a política de remuneração para cada patente.

De dois em dois anos, são submetidos a uma espécie de teste de desempenho. Se não cumprirem os requisitos, podem deixar as Forças Armadas ou pedir transferência para outro posto em seu interior. Quando encerram a carreira, muitos deles viram treinadores ou passam a exercer atividades militares não ligadas ao esporte.