A nomeação do general Floriano Peixoto para o cargo de Secretário-Geral da Presidência, em substituição ao advogado Gustavo Bebianno, na semana passada, chamou atenção para o fato de restar apenas um ministro civil no Palácio do Planalto: o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Em todo o primeiro escalão já são oito os militares, seja do Exército, Marinha ou Aeronáutica.
Apenas no Planalto, estão os generais Augusto Heleno, ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (SGI), Carlos Alberto dos Santos Cruz, secretário de Governo, Floriano Peixoto, secretário-geral da Presidência e o porta-voz, Rego Bastos. Despacha no prédio também o vice-presidente, general Hamilton Mourão e o próprio Jair Bolsonaro, que não passou da patente intermediária, como capitão, mas é hoje o comandante supremo das Forças Armadas.
Quem transita hoje pelo Palácio percebe facilmente a atmosfera militar, já que é comum se deparar com homens trajados de gandola tendo à mão a tradicional boina. A presença militar no alto escalão tem como consequência imediata, a contratação de subordinados da mesma linhagem. Um exemplo é o secretário de Imprensa, tenente-coronel Alexandre Lara. Corredores silenciosos e portas fechadas são outra marca do novo Palácio do Planalto.
Fora de lá, os militares comandam a Defesa, com o general Fernando Azevedo e Silva; as Minas e Energia, com almirante Bento Costa Lima; Infraestrutura, com o capitão Tarcísio Freitas; a Ciência e Tecnologia, com o tenente-coronel Marcos Pontes, e Controladoria-Geral da União, com o capitão Wagner Rosário.
Comparando-se com os governos militares, de 1964 a 1985, apenas Castelo Branco superou Bolsonaro em número de nomeações com doze nomeações de militares em seu ministério. Costa e Silva teve oito ministros militares, assim como Bolsonaro. João Batista Figueiredo, Ernesto Geisel e Emílio Garrastazu Médici, tiveram menos ministros das Forças em seu governo, cada um com sete.
Ao lado de Onyx, Bebianno, que chegou a ser presidente do PSL, partido do presidente, era um dos ministros do núcleo político de Bolsonaro, com presença atuante na relação institucional com o Congresso. Sua saída não agradou os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na semana que antecedeu à demissão do então ministro, Maia chegou a dizer que a exoneração de Bebianno dificultaria as negociações pela aprovação da Reforma Previdenciária - o que se confirma agora. O argumento era que o ex-ministro tinha bom diálogo com o Parlamento. Sua participação foi fundamental para que Maia tivesse o apoio do PSL na eleição da Câmara.
A vocação política dos militares será testada esta semana, já que o Planalto terá que negociar a composição da base aliada. Como ao contrário de Bebianno, Onyx não trabalhou para vitória de Maia, o diálogo com o presidente da Câmara tende a ser intermediado pelos generais - Santos Cruz ou Floriano.