SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A USP propôs à Capes, agência federal de fomento à pesquisa, um novo modelo de pós-graduação que reduz em um ano a duração do mestrado e o torna uma etapa do doutorado.
Como informou "O Estado de S. Paulo", no novo modelo, o aluno seria avaliado pelo orientador ao final do primeiro ano de mestrado e, se aprovado, seguiria direto para o doutorado, que faria ao longo de quatro anos.
Esse modelo coexistiria com o atual, em que o mestrado dura dois anos. A decisão de adotar ou não o formato caberia aos programas de pós-graduação.
Atualmente, já há alguns que aceitam o doutorado direto, mas não são regra.
Segundo a USP, a proposta feita à Capes tem o objetivo de reduzir o tempo necessário para formar doutores e estimular uma produção de pesquisa de maior impacto.
Ela não só diminuiria a duração do mestrado mas também eliminaria o tempo gasto com a seleção para o doutorado.
Como a Capes irá financiar um ano a menos da formação se a proposta for aprovada, a USP propõe direcionar esse recurso para um auxílio a equipamentos e idas a congressos no valor de R$ 700 ao mês.
A agência de fomento paga atualmente R$ 1.500 pela bolsa de mestrado e R$ 2.200 pela de doutorado.
O novo modelo foi proposto a partir de um protocolo de intenções entre a USP e a Capes assinado em dezembro do ano passado. O órgão federal agora avalia o projeto.
Outras universidades públicas paulistas também participaram das discussões, mas a adesão entre elas ainda é incerta.
Em nota, a Pró-Reitoria de Pós Graduação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) afirma que um grupo de trabalho da instituição discute um novo modelo de pós-graduação. Uma possibilidade para alguns programas de pós seria encurtar o mestrado e torná-lo uma etapa para o doutorado.
O grupo concluiu, porém, que ainda há no Brasil a necessidade de mestrados acadêmicos. "Os concursos públicos em universidades federais ainda pontuam o diploma de mestrado em adição ao diploma de doutorado mesmo em concursos cuja qualificação mínima seja o doutorado. Mais ainda, existem diversos programas que, devido às suas especificidades, não podem abrir mão da formação de seus mestres", diz a pró-reitora, professora Nancy Garcia.
"Por outro lado, consideramos que é possível otimizar a pós-graduação brasileira priorizando a dedicação dos orientadores ao doutorado e incentivando alguns alunos a migrarem para o doutorado caso tenham interesse."