O presidente Jair Bolsonaro (PSL) escolheu o terceiro nome da lista tríplice e nomeou o professor Fábio Josué Souza dos Santos como novo reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) para o período entre 2019 e 2023.
A nomeação, publicada em uma edição extra do Diário Oficial na noite desta quinta-feira (1), acontece depois de a universidade ficar cerca de 20 horas sem reitor constituído, já que o mandato da antecessora havia sido encerrado.
A escolha do candidato menos votado na lista tríplice rompe uma tradição que se mantinha desde 2003, a partir da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de nomear o candidato mais votado pelas comunidades universitárias.
Esta é a sétima nomeação de reitor na gestão Bolsonaro. Em cinco delas, o presidente escolheu o primeiro nome da lista tríplice.
Em junho, o presidente nomeou o professor Luiz Fernando Rezende, segundo colocado na lista tríplice, para comandar a Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Foi uma decisão inédita nos últimos 15 anos.
A votação para a escolha do novo reitor da UFRB foi feita pelo Conselho Universitário no dia 27 de fevereiro. A vice-reitora e atual reitora em exercício Georgina Gonçalves foi a mais votada para comandar a universidade por uma diferença expressiva.
Ela teve 17 votos contra cinco da professora Tatiana Velloso e três de Fábio Josué dos Santos. O professor José Fernandes de Melo Filho foi o quarto colocado com apenas um voto.
A escolha do terceiro nome da lista tríplice foi recebida dentro da comunidade universitária como um capricho e uma tentativa de demonstração de força do presidente Bolsonaro e do ministro da Educação Abraham Weintraub Isso porque os três nomes da lista tríplice fazem parte de um mesmo grupo dentro da universidade. Ou seja, não foi escolhido um reitor exatamente alinhado com as ideias do presidente.
O presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), João Carlos Salles, afirmou que a escolha do presidente seguiu os ritos legais, mas lamentou que a escolha da comunidade universitária não tenha sido levada em conta
"Entendemos que a escolha da comunidade acadêmica é algo que deve ser respeitado. Faltou sensibilidade", afirmou.
A nomeação põe fim a uma situação de vazio legal. O mandato da reitora em exercício Georgina Gonçalves dos Santos foi encerrado na terça-feira (30) sem que o Ministério da Educação tivesse homologado a nomeação de um novo gestor.
A lista tríplice com os três indicados à reitoria havia sido enviada ao Ministério da Educação em março deste ano. Mas, cinco meses depois, o governo federal não havia feito a nomeação
Diante da situação, o Conselho Universitário reuniu-se para discutir uma solução temporária. Mas houve um entendimento de que o estatuto da universidade não prevê substituto legal em caso de vacância permanente das vagas de reitor e vice-reitor.
Sem um representante legal, a universidade não ficou sem uma figura jurídica que possa firmar contratos, fazer pagamentos a fornecedores e até mesmo liberar a folha salarial dos professores e servidores.