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Bolsonaro se diz preocupado com América Latina e não comenta eleição na Bolívia

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Dizendo-se preocupado com a situação política da América Latina, o presidente Bolsonaro não comentou diretamente o não reconhecimento "no momento", pelo Brasil, do resultado das eleições bolivianas, que deram vitória em primeiro turno a Evo Morales, que chega ao quarto mandato consecutivo.

"A América Latina tem que estar estável. Nós nos preocupamos. Espero que o futuro presidente da Argentina esteja alinhado com os rumos do Mercosul, a abertura do mercado. Com as cláusulas democráticas do Mercosul, coisa que a Venezuela não vinha fazendo. Nem era para ter entrado no Mercosul. A preocupação existe, com o Chile. Estamos colaborando, na medida do possível, com a estabilidade democrática. O Brasil é muito importante para a América do Sul", disse Bolsonaro, ao deixar cerimônia de entrega de flores em monumento aos mártires militares dos Emirados Árabes Unidos, onde chegou neste sábado.

A contagem de votos do pleito presidencial boliviano foi questionada pela OEA (Organização de Estados Americanos) e por Brasil, Estados Unidos, Colômbia e Argentina, a União Europeia.

Segundo postagem do Itamaraty em rede social na noite desta sexta (25) "o Brasil não reconhecerá, neste momento, qualquer anúncio de resultado final".

Na China, etapa anterior da viagem presidencial, Bolsonaro colocou o processo eleitoral boliviano em dúvida, mas foi comedido nas declarações.

O presidente brasileiro tem demonstrado pragmatismo durante sua viagem à Ásia, priorizando acordos econômicos. Com a Bolívia, o Brasil mantém conversas para a venda de aviões.

Além disso, parte da indústria nacional depende do gás importado do país vizinho.

Em 2018, as exportações brasileiras para a Bolívia aumentaram em 3,2%, de US$ 1,5 bilhão para US$ 1,6 bilhão, enquanto as importações cresceram em 18%, de US$ 1,4 bilhão para US$ 1,7 bilhão em relação a 2017.

O presidente também tem se manifestado, durante a viagem, sobre os outros países citados em sua resposta deste sábado. No Japão, aventou a possibilidade de a Argentina ser suspensa do bloco caso a oposição vença a eleição presidencial no país e se oponha à abertura pregada pelo Brasil.

Sobre a crise no Chile, em que protestos levam milhares às ruas a mais de uma semana, o presidente culpou na segunda-feira (21) a esquerda da América do Sul.

Segundo ele, o problema no país vizinho começou com o fim da ditadura de Augusto Pinochet, nos anos de 1990, e com a ascensão ao poder de políticos de esquerda.

O presidente afirmou também no começa da semana que há um movimento unificado de partidos de esquerda para desestabilizar os governos de Peru, Equador e Chile.

A visita aos Emirados Árabes Unidos é a terceira etapa de viagem presidencial que começou pelo Japão, continuou pela China e deve ainda passar pelo Catar e pela Arábia Saudita.

Nos países árabes, o foco deve ser atrair investimentos para as rodadas de privatização e obras de infraestrutura.

(Ana Estela de Sousa Pinto - FolhaPress)