Pernambuco recomenda evitar praia 'liberada' por ministro do Turismo
Marcelo Álvaro Antônio, molhou os pés no mar e disse que levaria a família ao local
A Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco emitiu um relatório no qual recomenda que banhistas evitem a praia de Muro Alto. Foi lá que, na sexta-feira (25), o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, molhou os pés no mar e disse que levaria a família ao local.
Segundo laboratório da agência, Muro Alto é uma das 18 praias onde é possível detectar visualmente o óleo que atingiu a região há uma semana. A famosa praia de Carneiros também está imprópria para o banho, de acordo com o relatório.
Muro Alto fica no litoral sul de Pernambuco, vizinha de Porto de Galinhas, maior destino turístico do estado.
Na sexta, vestindo calça jeans, o ministro tirou o tênis, molhou os pés na água do mar e disse que levaria sem problemas a família para o local.
Ele declarou que as praias do Nordeste que já foram limpas das manchas de óleo estão aptas a receber turistas. Não soube, porém, informar quais critérios técnicos utilizou para embasar a afirmação.
Além de Muro Alto e Carneiros, as outras praias que a agência recomenda evitar no estado, em função da presença de óleo, são: do Janga, de Pau Amarelo, do Pilar, do Forte, de Barra de Jangada, de Pedra do Xaréu, de Itapuama, do Paraíso, do Paiva, Gaibu, de Enseada dos Corais, de Suape, do Cupe, de Barra de Sirinhaém, de Tamandaré e de São José da C. Grande.
Na sexta, ao lado do ministro do Turismo, o secretario de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes, chegou a interromper a resposta de Álvaro Antônio, para tentar auxiliá-lo. Lembrou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tinha declarado na quinta-feira (24) que não haveria problemas em tomar banho de mar onde o óleo não estivesse visível. O governo de Pernambuco fez a mesma recomendação.
Já a bióloga Mariana Guenther, professora do Instituto de Ciências Biológicas da UPE (Universidade Federal de Pernambuco), alega que, mesmo sem mancha visível, as pessoas não devem entrar na água.
Ela explica que o material é altamente tóxico e uma parte dele está sedimentado no fundo do mar. "Os locais precisariam ser interditados até que se faça uma análise da água", diz.
A pesquisadora explicou que a análise que indica o índice de balneabilidade das praias, comumente feita por órgão ambientais, não se aplica a esse caso. Nesses exames é levada em consideração apenas a contaminação da água por coliformes oriundos de esgotos.
A Secretaria Estadual de Saúde comunicou que foi notificada sobre a ocorrência de 19 pessoas no litoral sul do estado em estado de intoxicação que relataram náusea, tonturas e ardência nos olhos.
Pesquisadores do CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) em parceria com a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) coletaram amostras de água em vários pontos do litoral. O resultado do diagnóstico químico, no entanto, só deve ser divulgado no próximo mês pela complexidade que envolve a análise.