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Brasil tem 14 casos de suspeita de coronavírus após novos descartes

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Balanço divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Ministério da Saúde aponta que caiu de 16 para 14 o número de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus em investigação no país.

Em comparação ao boletim do dia anterior, foi incluído um novo caso suspeito no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, três casos que antes eram investigados em São Paulo, Paraná e Ceará foram descartados após exames. Com isso, o número de casos descartados já chega a 13.

Os casos suspeitos estão distribuídos nos estados de São Paulo (7), Rio Grande do Sul (4), Santa Catarina (2), e Rio de Janeiro (1).

Entre os 14 casos em análise, três já foram testados para vírus respiratórios comuns e deram negativo. Com isso, as amostras seguem para exames mais específicos de RT-PCR e metagenômica, capazes de identificar se a infecção ocorreu por vírus semelhante ao novo coronavírus.

Até o momento, nenhum caso foi confirmado.

Mesmo sem essa confirmação, o governo de Jair Bolsonaro decidiu nesta segunda elevar o nível de alerta no Brasil e quer declarar emergência em saúde pública a nível nacional devido ao novo coronavírus.

A intenção é dar agilidade ao Estado na contratação de equipamentos sanitários e na montagem da área de quarentena que receberá os brasileiros retornados da cidade de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus na China.

Pelos protocolos de saúde, a declaração de emergência era esperada apenas após o registro do primeiro caso confirmado. O governo, porém, alega a necessidade de preparar a chegada dos brasileiros que hoje estão naquele país. A última vez que o Brasil declarou emergência em saúde pública ocorreu em meio ao surto de microcefalia relacionada à infecção pelo zika.

O estado de emergência permite ao governo contratações emergenciais mais rápidas para fazer frente aos esforços de contenção do vírus, dispensando, por exemplo, processos licitatórios. A medida também visa garantir uma melhor preparação da rede de saúde.

De acordo com o governo, ao menos 55 brasileiros vivem em Wuhan. Destes, 40 manifestaram interesse em voltar ao Brasil. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a previsão é que eles sejam transportados em um único voo e passem por quarentena de 18 dias assim que chegar no país. O embarque será condicionado à ausência de febre e outros sintomas.

O governo ainda analisa em qual local ocorrerá a quarentena. Entre os locais avaliados, estão uma base militar em Anápolis e outra em Florianópolis, onde há quartos individuais. "Todos esses pormenores estão sendo discutidos", diz Mandetta.

Segundo ele, a previsão é usar uma base militar, "e não uma instituição civil, até por questão de segurança."

"Anápolis tem suas vantagens, porque dá uma base mais perto de Brasília, onde se tem o Hospital das Forças Armadas e se tiver um caso que precisa transportar por helicóptero é fácil, é perto. Mas tem também suas desvantagens, é uma base muito ocupada, de muita intensidade de atividades. E a de Florianópolis que é uma base pouco ativada, e teria mais tranquilidade nessa situação. Qualquer uma das duas, vamos trabalhar no limite para que não haja nenhum tipo de risco à população", afirma.

Além de reconhecer a situação de emergência, o governo deve enviar uma medida provisória ao Congresso para tentar acelerar a repatriação dos brasileiros e definir critérios para a quarentena. "Essa lei é para harmonizar e nos colocar no mesmo patamar de países que já têm esse tipo de recurso", diz.

De acordo com Mandetta, em alguns casos, a manutenção em local com característica hospitalar pode não ser necessária.

"O que ela precisa é de um isolamento, de um quarto individual. Mas ela não vai estar ligada a soro, a remédio, não vai tomar nada. A gente vai ter que colocar uma televisão, um jogo, revista, palavra cruzada, para a pessoa passar o tempo. E aguardar sintoma. Não tendo sintoma, acabou, não há necessidade de hospital. Até o 18º dia que eles lá permanecerem, a gente tem que estar esperto", disse.

Questionado sobre uma possível restrição à vinda de estrangeiros que vêm da China, como adotado por alguns países, o ministro diz que o governo "não está trabalhando com isso". "Isso não tem recomendação nenhuma, não tem eficácia nenhuma", afirma.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou na quinta (30) que o coronavírus é uma emergência de saúde global.

Balanço da organização aponta ao menos 17.491 casos confirmados da doença no mundo, sendo 14.411 na China e 146 em outros 23 países —por não ter casos confirmados, o Brasil não consta nessa lista.

De acordo com o ministério, resultados de exames em casos descartados tem apontado para outros vírus respiratórios, em especial o influenza B. Houve também outros resultados —o caso da jovem em Belo Horizonte, por exemplo, deu positivo para um vírus chamado de picobirnaviridae em exames de metagenômica.

Para Mandetta, a rede de saúde tem sido preparada para lidar com possíveis casos de infecção pelo novo coronavírus.

"Esse vírus vai chegar no Brasil? Acho que sim. Como ele vai se comportar? Se ele replicar o movimento que ele está tendo lá [na China], acredito que não vou ter um número grande de casos, e se tiver, a letalidade tem sido abaixo de 2%. Temos condições de tratar as pessoas que tiverem casos de maior complexidade? Num cenário realista, sim. Mas se for um cenário totalmente pessimista, uma catástrofe, desenhamos esse cenário e vamos preparar o nosso sistema. Não é a primeira vez e não será a última que o mundo vai enfrentar uma emergência internacional por um vírus novo. Esperamos atravessar isso contando com todo mundo", disse. (FolhaPressSNG)