Médico, surfista, seminarista e candidato a primeiro santo carioca. Esse é Guido Schäffer, e ontem, primeiro de maio, completou 10 anos da sua morte. Morreu fazendo o que gostava, surfando com os amigos, na Praia do Recreio.
Em seu velório, no dia 2 de maio de 2009, o Arcebispo recém-chegado ao Rio, Dom Orani Tempesta, ficou impressionado com a quantidade de relatos sobre as virtudes do jovem, e então mandou abrir o processo de beatificação.
Já corre no Vaticano o processo de beatificação de Guido Schäffer (1974-2009), o jovem médico e seminarista que adorava o mar e era conhecido em toda a zona sul do Rio de Janeiro por seu trabalho de atendimento aos mais pobres e sua pregação religiosa.
Guido nasceu em 22 de maio de 1974, em Volta Redonda. Filho do médico Guido Vidal Schäffer e da dona de casa Maria Nazareth Schäffer, mudou-se para Copacabana, na zona sul, onde passou a juventude entre a escola, a praia e a igreja. Guido seguia uma vida típica de jovem de classe média criado na zona sul do Rio nos anos 90: se formou em Medicina, começou a trabalhar e tinha uma namorada.
Foi em 2000, durante uma excursão religiosa com a família para Roma e Fátima, que Guido percebeu que deveria seguir o sacerdócio. Estudou filosofia e teologia e estava prestes a ser ordenado padre quando morreu pegando onda com amigos no Recreio, no feriado do Dia do Trabalho de 2009, aos 34 anos. Foi atingido na parte de trás do pescoço por uma prancha desgovernada. O golpe o fez desmaiar e ele acabou morrendo afogado.
Era comum Guido sair para pegar ondas com os amigos e os levar para águas mais profundas. Sim, Guido evangelizava no mar, rezava sempre com os amigos, mesmo com aqueles que não tinham religião. Sua única preocupação era salvar almas. Levar todos a um encontro pessoal com Cristo, e para isso não media esforços.
Desde o ano passado, esse pedaço da praia do Recreio onde Guido morreu recebeu o nome de Praia do Guido. E, todos os anos, na data da sua morte, surfistas se reúnem no local para um grande momento de oração.
Enquanto médico, Guido gostava de atender os mais pobres e necessitados. Ele não perdia uma oportunidade de falar sobre Deus. Fosse com palavras ou com o próprio exemplo. Quando atendia os irmãos de rua, não só zelava pela saúde do corpo, mas sobretudo da alma. A nenhum deles deixou de falar de Cristo. Muitos deles saiam do consultório em lágrimas e profundamente tocados. Orava por e com cada um e os convidava a receber os sacramentos como fonte de graça e comunhão com Deus.
Hoje, na Santa Casa de misericórdia, local em que trabalhou, é possível encontrar o memorial Guido Schäffer, local onde são preservados os seus objetos pessoais. Desde acessórios médicos, até prancha de surfe, livros e a batina de seminarista.
Quem entra na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, tem uma noção da importância de Guido na comunidade. Desde que os restos mortais do surfista foram transferidos para a igreja, em 2015, os fiéis se reúnem ali para agradecer as graças alcançadas. A quantidade de velas e flores dão a dimensão da popularidade de Guido.
Guido é Servo de Deus. Em 2017 a parte arquidiocesana do processo de beatificação foi encerrada e enviada para Roma. Os cinco volumes já foram abertos e distribuídos aos oficiais da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos. Um teólogo vai se debruçar nesses textos para produzir a posicio, a ordenação de todos os testemunhos recebidos para a verificação da santidade de Guido, através das virtudes heroicas.
Nós, que o conhecíamos, sabemos que temos um grande intercessor no céu!