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Famílias vivem em casas sem tratamento de água e esgoto em Alcântara

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Agência Brasil

ALCNTARA - Ao lado de toda tecnologia e modernidade do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), moradores do município maranhense moram em casas de taipa cobertas de palha sem nenhuma infra-estrutura, como tratamento de água e esgoto. A precariedade faz parte, inclusive, do cotidiano das famílias que tiveram de sair das terras onde moravam para que o governo pudesse construir o centro de lançamento.

- Foi um deslocamento compulsório. Eles foram obrigados a sair da região - diz Servulo Borges, que integra o Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (Mabe).

O Centro de Lançamento de Alcântara foi construído em 1983 para que o Brasil pudesse lançar, a partir de seu próprio território, foguetes de médio e grande porte.

Segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB), o município foi escolhido para sediar o centro não só pela proximidade com o mar e com a linha do Equador, mas por possuir baixa densidade populacional. O deslocamento das famílias começou em 1986. Até 1988, 312 famílias de 22 comunidades quilombolas saíram de uma região de perto do mar para lotes de cerca de 15 hectares no interior do município.

- As famílias foram deslocadas de perto do oceano. Lá elas viviam da pesca e da agricultura em terras férteis. Imagine o transtorno na vida dessas famílias quando elas tiveram de sair dessa região - destaca Borges.

O coordenador-geral do Mabe, Inaldo Faustino Silva, diz que os movimento não é contra ao Centro de Alcântara, mas à forma como a instalação foi feita.

- A metodologia usada deixou as comunidades isoladas, criando um cunho de resistência nossa - afirma.

Atualmente, as famílias reivindicam políticas públicas e a titulação da área onde moravam para comunidades quilombolas. Segundo o Mabe, dos 114 mil hectares de Alcântara, 62 mil hectares foram desapropriados por decretos federal e estadual das décadas de 80 e 90 - e destinados para o CLA. De acordo com Silva, o trabalho de reconhecimento da área para os quilombolas já está sendo feito, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente.