Agência Brasil
SÃO PAULO - A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira 20 pessoas suspeitas de integrar esquema internacional de lavagem de dinheiro, remessa ilegal de dólares para o exterior e sonegação de impostos. Segundo estimativas da PF, os crimes, que estão sendo investigados há um ano e meio, podem ter causado um prejuízo de R$ 1 bilhão à Fazenda Nacional.
As prisões foram efetuadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas. Elas fazem parte das ações da Operação Kaspar 2, que mobilizou 280 agentes e resultou também na apreensão de R$ 6 milhões e US$ 700 mil, além do bloqueio de contas bancárias com saldo de cerca de R$ 2 milhões.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo, especializada em crimes contra o sistema financeiro.
De acordo com o delegado Ricardo Andrade Saadi, coordenador da operação, bancos europeus, doleiros e grandes empresas brasileiras participavam das fraudes. As empresas, informou, enviavam no mínimo R$ 7 milhões por mês, principalmente para instituições financeiras da Suíça. - Essas instituições propiciavam a abertura de contas correntes numeradas, codificadas, com a quebra do sigilo muito difícil de ser realizado -, disse.
Saadi explicou o esquema: as empresas interessadas em fazer as remessas ilegais procuravam doleiros no Brasil que tinham contato com bancos na Europa e mantinham contas no exterior. Para fazer a remessa, a empresa depositava a importância em reais em uma conta do doleiro em um banco brasileiro. O valor era então transferido, em dólares, para uma conta aberta pela empresa no exterior, sem pagamento de impostos ou taxas.
O dinheiro enviado ao exterior, acrescentou o delegado, ou era fruto de operações ilegais, não declaradas ao fisco nacional, ou servia para importação de mercadorias subfaturadas vindas da China e dos Estadas Unidos.
Nota divulgada pela Justiça Federal em São Paulo informa que o esquema seria liderado por Claudine Spiero e que "as instituições identificadas na investigação, supostamente envolvidas no caso, são os bancos UBS (União de Bancos Suíços), Clariden, Credit Suisse e AIG . O delegado revelou que empresas brasileiras do setor de comércio em geral estão entre as investigadas.
Dos 20 presos, de acordo com a PF, sete são doleiros, três são funcionários de bancos estrangeiros e dez são donos ou executivos de empresas. Só uma das prisões foi feita em flagrante, no Rio de Janeiro as outras são temporárias. Os suspeitos deverão permanecer detidos por até dez dias e, caso sejam encontradas novas evidencias, poderão ter sua prisão preventiva decretada pela Justiça.