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Domingo, 18 de maio de 2025

Friedenbach: suspeito alega confissão sob tortura

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Vagner Magalhães , Portal Terra

EMBU-GUAÇU - Paulo César da Silva Marques, o Pernambuco, acusado de ter participado do assassinato de Felipe Caffé e Liana Friedenbach, em 2 de novembro de 2003, em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, negou nesta quarta-feira a participação efetiva no crime e disse que confessou porque foi torturado por policiais. Segundo o processo, Pernambuco teria matado Felipe com um tiro na nuca. Liana teria sido morta a facadas por R.A.C, o Champinha, que era menor de idade na época do crime.

O promotor Norberto Joia disse que o interrogatório foi contraditório.

- Pernambuco caiu várias vezes em contradição, durante o interrogatório. Anteriormente, em juízo, ele tinha confessado a morte de Felipe e vários estupros contra a Liana e agora negou tudo. Ele disse que apanhou da polícia e que na ocasião confessou porque estava perturbado por ter apanhado.

A advogada Carla Domênico, contratada pela família Friedenbach, disse que se essa tortura fosse verdadeira, já teria aparecido nesses quatro anos, entre o crime e o julgamento. Ela acredita que, pelo rumo do processo, Pernambuco será condenado.

O advogado de defesa de Pernambuco, Bernardo Campos Carvalho, que foi indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) para fazer a defesa, porque nenhum profissional queria assumir o caso, disse que tem uma "bomba" para apresentar. Ele afirmou que é um fato novo e que pode mudar o rumo da história. Carvalho disse que não está trabalhando pela absolvição total de Pernambuco, mas que a condenação tem de ser justa, de acordo com a participação do acusado no crime.

- Em todo o julgamento ouço isso (que há uma bomba). Se todas tivessem explodido, eu não estaria vivo - afirmou o promotor.

Sobre o interrogatório, o advogado disse que "Pernambuco falou a verdade, apesar de estar um pouco confuso, amedrontado. Ele caracterizou Pernambuco como "uma pessoa do mato". "É uma pessoa inculta e que naturalmente sentiu medo por ter de falar em público".

O promotor disse que a acusação sustenta que o réu matou Felipe de forma absurda e que ele induziu o Champinha a matar a Liana, além de ter praticado vários estupros. "E é isso que as provas revelam", afirmou.

Carvalho disse que nunca viu, nos 30 anos de advoga, tamanha mobilização, com pessoas muito qualificadas, para condenar uma pessoa.

O interrogatório de Pernambuco durou uma hora e 50 minutos. À tarde, será lido o processo, que tem cerca de 5,5 mil páginas. Devem ser lidas 800 páginas.