Agência Brasil
BRASÍLIA - A semana começa com o embate entre o governo e a oposição na disputa pela criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões Corporativos.
A oposição quer que a investigação seja feita somente a partir de 2001, quando os cartões foram criados.
O governo quer ir além e fazer uma investigação do uso do cartão nos últimos dez anos, inclusive com a análise das chamadas contas tipo B, um sistema de contas correntes abertas em nome de servidores para pagamento e uso das verbas relativas a suprimento de fundos e que vêm sendo substituídas pelos cartões corporativos.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresenta na segunda-feira um requerimento pedindo a criação de uma CPI no Senado sobre o assunto.
Ele garantiu já ter 22 das 27 assinaturas necessárias, e afirmou que caso integrantes da oposição se recusem a assinar o documento, a base do governo terá número suficiente para a instalação da CPI.
- Já estamos com 22 assinaturas confirmadas. Na segunda-feira apresento novamente com 27, com a base do governo pedindo a CPI. Sem problema. Não é isso que irá barrar a investigação - disse na última sexta-feira.
A oposição briga por uma CPI mista, formada por deputados e senadores, e apenas para investigar os gastos com cartões corporativos do governo a partir de 2001.
Na sexta-feira, o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), começou a coleta de assinaturas para a CPMI. No primeiro dia, seis senadores assinaram o documento.
- O que queremos é investigar cartões corporativos, que é algo novo - disse na ocasião o senador.
O PSDB e o DEM se reúnem amanhã para definir a estratégia de investigação.
A divulgação dos gastos com cartão corporativo acabou provocando o pedido de demissão da então ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Ela pagou despesas pessoais com o cartão corporativo.
Os ministros da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, e do Esporte, Orlando Silva, também têm cartão corporativo pessoal.
A crise fez com que o governo mudasse as regras no uso do cartão. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, recomendou que os ministros não usem cartões corporativos em seu próprio nome.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, minimizou o assunto, afirmando que não há abuso de autoridades do governo no uso de cartões corporativos, e chamou de "artificialismo eleitoral" por parte da oposição a reação diante da divulgação dos gastos.