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SÃO PAULO - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe-SP) enviou à Ouvidoria das Polícias do estado o pedido para investigar a suposta agressão a Lindemberg Alves, 22 anos, ao final do seqüestro em Santo André (SP), no dia 17 de outubro. Segundo o ouvidor, advogado Antonio Funari Filho, a solicitação chegou a ele ontem.
"(O pedido) está sendo analisado. A gente deve encaminhar para as duas corregedorias (Polícia Civil e Polícia Militar) ainda hoje. Não é denúncia circunstanciada. Essa denúncia não esclarece onde (foi a agressão), se no ato da invasão ou depois. Se ouve agressão depois, no distrito, por exemplo, naturalmente será verificado", afirmou Funari.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a suposta agressão já está sendo investigada por ambas as corregedorias.
Segundo o ouvidor, se essa agressão foi no ato da prisão e foi motivada por uma resistência de Lindemberg não é cabível de punição administrativa porque ele estava armado. "Se foi durante (a prisão), naturalmente ouve resistência. No ato, não (recebe punição). Se estiver completamente dominado, aí sim, porque é covardia", afirmou.
Lindemberg invadiu o apartamento da família da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel na tarde de 13 de outubro. Armado com um revólver, o jovem fez reféns a ex-namorada e a amiga dela Nayara Silva, 15 anos, além de dois colegas de escola das adolescentes, que estavam no local para fazer um trabalho para a aula. A ação foi motivada pela recusa de Eloá em reatar o namoro.
O seqüestrador libertou os dois adolescentes no mesmo dia. Nayara foi libertada no dia seguinte, após passar 33 horas no apartamento. Já na quinta-feira, dia 16 de outubro, Nayara voltou ao cativeiro. Segundo a polícia, a jovem foi chamada para ajudar nas negociações e decidiu entrar no apartamento por conta própria.
Após 101 horas de seqüestro, a polícia invadiu o apartamento por volta das 18h10 do dia seguinte. Eloá foi baleada na virilha e na cabeça, e Nayara, na boca. Segundo a Polícia Militar, os tiros partiram da arma de Lindemberg. Na ação, o jovem foi detido e Eloá e Nayara levadas para o hospital. O secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte, confirmou na madrugada do dia 19 a morte cerebral de Eloá.