Agência Brasil
GUARACIABA - O tornado que atingiu municípios do extremo-oeste de Santa Catarina na noite da última segunda-feira (7) deixou milhares de desabrigados, centenas de feridos e provocou quatro mortes, uma das quis na família Lazzari, da linha Sede Flores, interior de Guaraciaba. A matriarca da família, Judite Lazzari, morreu aos 86 anos, depois de ter a casa destruída e ser arremessada a mais de 50 metros de distância pela força do vento.
A família estava nesta sexta-feira reunida no que já foi uma próspera propriedade com galpão, plantação e açude tentando recolher o que restou de valor em meio aos destroços e decidindo o que fazer daqui para frente.
Para Danilo Lazzari, um dos filhos da nona Judite, só resta uma esperança para reconquistar o que o vento levou em poucos minutos: voltar à estrada com o velho ônibus da banda Novo Embalo. Formado por membros da família, o grupo é a única chance para arrecadar dinheiro, até que a propriedade recomece a produzir.
- Esta semana a gente não tem como tocar. Mas precisamos continuar. Vamos ajeitar o ônibus para a banda poder sair e garantirmos o nosso ganha-pão - disse Danilo. Ele trabalha na produção do conjunto, que faz shows pelo interior de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e até já se apresentou no Paraguai.
O veículo fica estacionado um pouco abaixo, na propriedade do irmão de Danilo, Ivo Lazzari, que também atua na produção. Como ambas as casas foram destruídas, o ônibus acabou virando o único abrigo contra o frio e a chuva que não dão trégua há vários dias. Em seu interior, quatro beliches que antes serviam para acomodar os músicos em suas turnês agora acomodam toda a família.
Sem reclamar da falta de conforto, Nilva Lazzari, esposa de Ivo, dá graças a Deus pela proteção improvisada.
- Se não fosse por esse abrigo, eu não sei o que seria de nós. Foi uma dor muito grande, porque nós tivemos duas feridas: uma a perda de tudo e a outra a perda da nossa avó. Quem nos salvou foi Nossa Senhora - desabafou Nilva, apontando para a imagem da santa dentro do ônibus.
Ao lado do veículo, só restou o palco onde a banda ensaiava e que antes era coberto por um galpão. Sem esconder a tristeza pela morte da mãe, Ivo garante que é só questão de tempo para a banda voltar às apresentações:
- Vamos deixar baixar um pouco a poeira. Porque mentalmente a turma está abalada. Mas qualquer dia a gente vai pegar a estrada de novo. O show não pode parar.