ASSINE
search button

Morte de moradores de rua vira caso para Polícia Federal e Scotlan Yard

Compartilhar

O assassinato de 30 moradores de rua em Alagoas virou caso a ser investigado pela Polícia Federal. O secretário municipal de Direitos Humanos de Maceió, Pedro Montenegro, encaminhou ofício à PF solicitando a elucidação dos crimes e um pedido à Secretaria Nacional de Direitos Humanos, da Presidência da República, para o envio de peritos da polícia inglesa - Scotland Yard - para a identificação dos corpos, já que eles não têm documentação ou registros nos arquivos da prefeitura da capital.

Pelo relatório do secretário, encaminhado a PF, 52% dos homicídios foram praticados por armas de fogo; 34% com paus, pedras e materiais de construção; e 14% com armas brancas (facas ou punhais). Vinte e nove moradores foram assassinados em Maceió e um na cidade de Arapiraca, agreste alagoano.

O delegado Geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco, descarta a existência de grupos de extermínio e disse investigar pessoas suspeitas nos crimes. O Ministério Público Estadual e o Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), ligado ao MP, avançam lentamente nas investigações. Isso porque há dificuldades para se identificar os mortos, por falta de documentos, havendo apenas o testemunho de outros moradores. Dois deles estão no Programa de Testemunha por, supostamente, terem informações consideradas valiosas à polícia.

O assunto chegou a cúpula da Igreja Católica alagoana. O arcebispo de Maceió, dom Antônio Muniz, divulgou na tarde desta sexta-feira uma nota com os nomes dos moradores. "A Igreja acompanha este longo e doloroso calvário de nossos irmãos e irmãs que vivem nas ruas. Inúmeras vezes, de forma pública e privada, dirigindo-se às autoridades sem obter resposta", disse o arcebispo.

"Consterna-se, ademais, por essa forma de extermínio que sofrem os povos da rua, o que é uma ofensa à sensibilidade dos que amam este Estado e desejam caminhos de respeito e justiça que conduzam a uma convivência fraterna. Essas mortes, lamentavelmente, contribuem para deteriorar a imagem de Alagoas diante do país e do mundo", afirmou em outro ponto do documento.