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Caso Bruno: negado pedido para suspender processo na Justiça

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O desembargador Julio Cezar Gutierrez, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, negou nesta segunda-feira liminar para um habeas-corpus que pedia a paralisação e suspensão do processo que apura a morte da ex-amante do goleiro Bruno Eliza Samudio no no Tribunal do Júri de Contagem, na região metropolitana.

O habeas-corpus, que ainda será julgado definitivamente pela Câmara Criminal, foi impetrado no fim da semana passada pelo advogado Claudio Dalledone Junior, novo defensor do goleiro Bruno.

Dalledone pediu que o desembargador autorizasse o depoimento de três dos quatro delegados que trabalharam nas investigações do desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Se a liminar fosse acatada, o processo deveria retornar à fase de instrução e depoimentos.

Durante o interrogatório de testemunhas e dos réus, em outubro e novembro, a juíza Marixa Fabiane dispensou o depoimento de Ana Maria Santos, Alessandra Wilke e Edson Moreira com a alegação de que as declarações deles em juízo poderiam causar contradições, já que o que tinham a informar já constava no inquérito encaminhado à Justiça.

O advogado Claudio Dalledone alega que o depoimento dos delegados "é importantíssimo porque há denúncias contra eles" de irregularidades praticadas durante a investigação.

Pedido de liberdade

Claudio Dalledone Júnior também impetrou junto 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) um pedido de habeas-corpus para o goleiro Bruno. A liminar do habeas-corpus também será julgada pelo desembargador Julio Cezar Gutierrez durante esta semana.

Segundo o TJMG, o pedido também vale para os outros sete réus que estão presos, já que eles entram como interessados na decisão.

Na última sexta-feira, a juíza Marixa Fabiane revogou a prisão preventiva de Flavio Caetano Araújo, o Flavinho, motorista de Bruno, depois que o promotor de Justiça Gustavo Fantini entregou as alegações finais nas quais pediu que todos os réus, à exceção de Flavinho, sejam pronunciados e mandados a júri popular.

O caso

Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.