A condenação do ex-prefeito de São Paulo e deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) pela Corte de Jersey, paraíso fiscal britânico, a devolver US$ 22 milhões aos cofres públicos foi destaque neste sábado na imprensa do Reino Unido. Ontem, a justiça da ilha de Jersey anunciou a sentença em que considera Maluf "parte da fraude" cometida nas obras da avenida Água Espraiada no final dos anos 90. Segundo a Corte, Flávio Maluf, filho do ex-prefeito, esteve envolvido na gestão dos recursos desviados.
Usando a foto do ex-prefeito disponível no site da Interpol e lembrando que Maluf é procurado pela organização internacional desde que foi indiciado, em Nova York, por lavagem de dinheiro, a BBC News destaca que, além da condenação, o deputado já esteve preso, em 2005, por intimidar testemunhas. A reportagem destaca que Maluf nega as acusações e afirma que a competência para julgar se houve ou não irregularidades na obra deveria ser da Justiça brasileira.
O jornal matutino britânico The Independent também reportou o caso, destacando que o caso é considerado "vital" para o Brasil "limpar sua reputação" e esclarecer casos de corrupção às vésperas de receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos. O diário cita que "milhões" foram desviados da obra do que, na década de 90, "era a rua mais cara do mundo". O The Independent também lembra que Maluf não pode sair do País porque a Interpol emitiu um alerta vermelho pedindo sua prisão.
"Um dos homens mais ricos e poderosos do Brasil foi considerado culpado de roubar milhões de contribuintes brasileiros", destaca o The Guardian em extensa reportagem sobre o assunto. De acordo com o jornal, na decisão divulgada ontem, o juiz do caso afirma que "outras obras públicas também podem ter sido afetadas por fraudes similares" realizadas por Maluf e seu filho, Flávio.
O The Guardian diz que mesmo que Maluf seja considerado culpado em outros processos que responde, ele pode não ir para a prisão porque tem 81 anos. "Mas a derrota em Jersey irá reforçar sua imagem como representante de uma era corrupta que ainda não terminou", diz o jornal, citando, na sequência, a promessa da presidente Dilma Rousseff de reprimir a corrupção. O diário britânico ainda cita que o Brasil está no meio do julgamento do seu maior caso de corrupção - o mensalão (Big Monthly Allowance) -, no qual o "braço direito do ex-presidente Lula", José Dirceu, foi condenado a 10 anos de cadeia.
Maluf nega
Em nota oficial divulgada no início da tarde de ontem, a assessoria do deputado federal afirmou que a sentença "mostra claramente" que ele não é réu e não tem conta na ilha de Jersey. A assessoria ainda questiona o embasamento legal da ação porque "qualquer obra realizada em território brasileiro, se feita de forma irregular, o que não é o caso dessa, terá de ser julgada pela Justiça brasileira".