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SP: 11 pessoas permanecem presas após protesto contra aumento da passagem

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Pelo menos 11 manifestantes que foram presos na noite de terça-feira, durante o protesto contra o aumento do preço da tarifa de transporte coletivo em São Paulo, continuam detidos na manhã desta quarta-feira, no 78º Distrito Policial (Jardins). Dez deles são acusados de dano ao patrimônio público e formação de quadrilha - o segundo é crime inafiançável. Um manifestante teve a fiança estabelecida em R$ 20 mil e ainda não pagou a taxa - o valor foi calculado por "avaliação de danos".

O protesto terminou com pelo menos 17 pessoas presas, de acordo com a Polícia Civil - já a Polícia Militar afirma que foram 20 detidos. Eles foram levados ao 78º DP, e seis foram liberados. Dos que foram soltos, dois respondem por pichação, um por ato infracional equiparado ao crime de desacato (desrespeitar a PM e o patrimônio público), um por desacato (desrespeitar a PM), um por dano ao patrimônio e um por atrapalhar o transporte público.

Protesto de 6 horas reclama do aumento da tarifa do transporte público

Na noite de terça-feira, o protesto contra o aumento do preço da tarifa de ônibus, trem e metrô em São Paulo durou cerca de seis horas. A manifestação começou de maneira pacífica, mas os primeiros tumultos começaram logo no início da passeata, na rua da Consolação, onde um jovem ciclista foi detido ao trafegar na única faixa liberada na via. A partir daí, o clima continuou tenso, com novos episódios de confronto entre manifestantes e policiais militares.

Segundo a PM, pelo menos oito policiais ficaram feridos durante a manifestação. A situação se agravou em frente ao terminal de ônibus Parque Dom Pedro. Após cerca de 20 minutos concentrados em frente ao local, um grupo de jovens tentou levar a passeata ao local, entregando flores aos policiais, mas foi impedida pela PM, que disparou bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha.

A PM não soube informar quantos manifestantes ficaram feridos, mas a reportagem presenciou vários jovens sendo atingidos por cassetetes e balas de borracha disparados pelos policiais. Pelo menos dois manifestantes ficaram feridos após serem atropelados por um motorista, que dirigia um Fiat Uno, que se irritou com a manifestação e atirou o carro contra os jovens - um homem e uma mulher, que não se feriram com gravidade.

De acordo com os organizadores, o objetivo da manifestação era "parar o País para serem escutados em Paris", em referência à cidade para onde o prefeito, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), foram para defender a candidatura da cidade para ser sede da Expo2020. No início do protesto, muitos passageiros de ônibus demonstraram apoio à passeata, aplaudindo a manifestação. Entretanto, a pichação dos veículos - muitos ônibus foram pichados - e de prédios públicos foi reprovada por muitas pessoas que assistiam ao protesto.

Vandalismo e confrontos

O protesto foi marcado por confrontos entre os manifestantes e policiais militares. Um grupo usou lixeiras e pedras para destruir vidraças de agências bancárias. Na rua Silveira Martins, o diretório do PT também foi apedrejado.

A Tropa de Choque da PM usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, após o confronto no terminal de ônibus do parque Dom Pedro. Com isso, grande parte dos participantes do ato subiu para a avenida Paulista.

A manifestação teve início, no fim da tarde, com uma concentração no fim da Paulista. Depois saiu em passeata pela rua da Consolação. Em seguida, os participantes bloquearam completamente a Radial Leste, pegaram a avenida Liberdade, passando pela praça da Sé. Na avenida Rangel Pestana, um pequeno grupo apedrejou e queimou um ônibus elétrico que estava estacionado. No parque Dom Pedro, eles foram impedidos pela polícia de entrar no terminal de ônibus.

"Nós montamos uma linha para proteger o terminal, e eles passaram a agredir os policiais, jogando pedras, coquetel molotov, lixeira. Jogando tudo e partindo para cima dos policiais. Então, não houve outra saída a não ser dispersar o grupo", disse o tenente-coronel Marcelo Pignatari, que comandou o policiamento que acompanhou os manifestantes. "Eles queriam invadir o terminal e incendiar ônibus", completou. Durante o tumulto, alguns passageiros desceram dos ônibus e correram assustados no meio da confusão.

O coronel alega que só foi usada violência quando se considerou "necessária para evitar a depredação de patrimônio público". Entretanto, a reportagem presenciou a detenção de ao menos dois manifestantes que foram levados pela polícia após apenas reclamarem da reação da PM à manifestação. "Socorro! Eu não fiz nada. Isso é truculência. Eu apanhei de graça", gritou para a imprensa um dos jovens dos detidos, que não teve seu nome divulgado, ao ser algemado pela polícia.