Num caso que começou em 2006, em Niterói, no Rio de Janeiro, a Justiça Federal acolheu pedido do Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), e determinou a repatriação dos descendentes de uma jiboia rara, pertencente à fauna silvestre brasileira - avaliada em cerca de um milhão de dólares - que foi comercializada, subtraída e exportada para os Estados Unidos. A cobra tem uma mutação genética chamada leucismo, que deixa a pele toda branca e os olhos negros, sendo a primeira jiboia a registrar esse padrão conhecida no mundo.
Em 2009, a serpente achada nas matas do Rio de Janeiro foi retirada do país pelo americano Jeremy Stone, através da fronteira com a Guiana na cidade de Bonfim, em Roraima. Depois de conseguir exportá-la para os Estados Unidos, Stone passou a realizar o cruzamento da espécie leucística com outras jiboias para explorar o alto valor comercial das descendentes. Após pedido de busca e apreensão do MPF-RR, por meio de cooperação internacional, autoridades americanas conseguiram capturar oito filhotes da serpente leucística.
O MP requisitou então à Justiça Federal, no início deste ano, a repatriação das descendentes da jiboia. A intenção do pedido foi recuperar e preservar um patrimônio genético brasileiro, para amenizar dano irreparável à fauna, já que a jiboia subtraída não foi encontrada, de acordo com informação divulgada, nesta segunda-feira (12/5), no site da Procuradoria-Geral da República.
O MPF-RR está adotando as providências necessárias para a efetivação da repatriação dos filhotes que estão apreendidos no zoológico de Salt Lake City, capital do Estado de Utah.
Crimes contra a fauna
O MPF-RR denunciou à Justiça Federal, em outubro do ano passado, quatro envolvidos no tráfico da jiboia rara por crimes contra a fauna e o meio ambiente (furto, contrabando, e fraude processual). De acordo com a investigação, brasileiros Giselda Candiotto e José Carlos Schirmer iniciaram, em julho de 2006 a operação para a comercialização da cobra, logo após os bombeiros terem levado a espécie para o Zoológico de Niterói (Zoonit), onde Giselda era diretora.
A cobra foi vendida e exportada ilegalmente para o americano Jeremy Stone, que teve o apoio da sua irmã Keri Ann Stone na operação que retirou o animal do Brasil. O americano teria pago cerca de um milhão de dólares pelo animal. Na denúncia, o Ministério Público Federal pediu o arbitramento do valor mínimo para reparação do dano em dois milhões de reais.