Este domingo (8) marca o aniversário de 50 anos da morte do poeta, empresário, jornalista e conselheiro político Augusto Frederico Schmidt. Conhecido por ter sido o braço direito do presidente Juscelino Kubitschek, escreveu mais de 30 livros durante sua brilhante carreira como escritor. Schmidt faleceu no dia 8 de fevereiro de 1965, na casa de um amigo, vítima de um infarto fulminante.
Augusto Frederico Schmidt nasceu no dia 18 de abril de 1906, na Rua Marques de Abrantes, no bairro do Flamengo, Zona Sul do Rio. Filho de Anita e Gustavo Schmidt, Augusto viveu no Rio de Janeiro até os 8 anos de idade, quando se mudou para a cidade de Lausanne, na Suíça, onde viveu e estudou até o ano de 1916, quando voltou com a sua família para o Brasil devido à morte de seu pai.
Começou sua vida profissional aos 14 anos, trabalhando como auxiliar de caixeiro na Casa Costa Pereira Armarinhos e Tecidos Finos, no Centro. Nessa época publicou seus primeiros versos no jornal do bairro de Copacabana, chamado “O Beira Mar”. O emprego no jornal não durou muito tempo. Foi demitido, e após a morte de sua mãe foi trabalhar em São Paulo como caixeiro viajante, e por lá participou do movimento modernista entre os anos de 1923 e 1925.
Voltou ao Rio de Janeiro e no mesmo ano lançou o seu primeiro livro de poesias, intitulado: “Canto do Brasileiro Augusto Frederico Schmidt”. Romântico e nostálgico, seus temas preferidos são o mar, a noite, a morte, a solidão, o mistério do destino do homem.
Após um tempo como gerente da Livraria Católica, Schmidt fundou em 1930 a Schmidt Editora, responsável por lançar nomes de peso como: Gilberto Freyre ("Casa Grande & Senzala"), Graciliano Ramos ("Caetés"), Rachel de Queiroz (João Miguel), Marques Rebelo (Oscarina), Jorge Amado ("O País do Carnaval"), Vinicius de Moraes ("Caminho Para a Distância"), Octávio de Faria (Maquiavel e o Brasil), Lúcio Cardoso (Maleita), Hamilton Nogueira, entre outros.
Apesar de ser responsável por lançar os importantes nomes acima citados, a Schmidt Editora durou apenas três anos, e veio a falir. E em 1934, associou-se a Luiz Aranha naquela que seria sua primeira empresa de sucesso, a Metrópole Seguros. Desse ponto em diante, Augusto Frederico Schmidt só teria crescimento como empresário, sua área de atuação ia dos pneumáticos à aviação civil, de processar materiais radioativos à produção de alimentos.
Em 1936, Augusto Schmidt casou-se com Yêdda Ovalle Lemos, no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Da união não vieram filhos.
No ano seguinte, deu início a uma longa e vitoriosa carreira como cronista do jornal Correio da Manhã, de Paulo e Niomar Bittencourt. Algum tempo depois passou a escrever artigos também para o jornal O Globo.
Botafoguense fanático, Augusto Schmidt foi um dos responsáveis pela junção dos departamentos de futebol e regatas, em 1942, e ocupou o cargo de vice-presidente do clube da estrela solitária durante três anos.
Também em 1942, escreveu e lançou o livro “Mar Desconhecido”, título que consolidou sua carreira e o fez atingir o ápice de seu prestígio junto à crítica literária.
Em 1950, foi publicado em Madri o livro Três Poetas del Brasil, com textos de Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira e Augusto Schmidt. No ano seguinte, teve uma seleção de seus poemas traduzidos para o italiano.
De têmpera direitista, teve forte influência na política de seu tempo e atuou como embaixador e conselheiro financeiro no governo de Juscelino Kubitschek, de quem se aproximou por intermédio de Paulo Bittencourt, e para quem escreveu muitos discursos inclusive àquele que viria se tornar famoso em que reagia aos ataques da oposição com a histórica frase: "Deus me poupou do sentimento do medo". Foi o criador do famoso slogan da campanha de JK: “50 anos em 5”. Além de escrever seus discursos, Schmidt era considerado um conselheiro financeiro de JK, por essa proximidade foi vítima de ataques constantes vindos da oposição com o intuito de atingir Juscelino.
Fora da política e da obra literária, Augusto Frederico Schmidt foi o responsável por criar a primeira rede de supermercados do Brasil, a Disco, inaugurada no bairro de Copacabana, no ano de 1952.
Como assessor de Kubitschek, Schmidt defendeu na imprensa e no cenário diplomático a tese do desenvolvimento econômico. Foi ainda um dos sócios fundadores da Panair, empresa de aviação pioneira em voos internacionais. Além disso, foi representante brasileiro na Operação Pan-Americana, delegado na Organização das Nações Unidas (ONU) e embaixador na Comunidade Econômica Europeia.
JK usava Schmidt para driblar a crise em governo provocada pela volta da inflação. Schmidt era o responsável pela criação de vários "fatos", engendrados por sua imaginação. Augusto Schmidt foi, sem sombra de dúvida, o mais influente homem do governo de JK e um dos escritores mais poderosos que o Brasil já teve.
Apesar de ser braço direito do presidente e responsável direto por diversas ações realizadas pelo governo, Schmidt não conseguiu ser nomeado ministro de Estado (equivalente ao que hoje é o primeiro ministro), e por isso foi sempre considerado um homem dos bastidores da política.
Após o golpe militar, Augusto Frederico Schmidt passou a ser um defensor dos estudantes e operários presos. Combateu os novos planos econômicos e financeiros que se instalavam no Brasil, acusando-os de falta de grandeza para um país sedento de riqueza e progresso.
Ainda em 1964, recebeu o prêmio de Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores, concorrendo com ninguém menos do que Carlos Drummond de Andrade.
Augusto Frederico Schmidt morreu no ano seguinte ao golpe militar, em 8 de fevereiro de 1965, aos 58 anos, vítima de um ataque cardíaco fulminante, na mesma cidade em que nasceu e consolidou-se como um dos maiores da literatura, do jornalismo e da classe de empresários. Ao todo, Schmidt publicou mais de 30 livros, entre prosa e poesia, escreveu milhares de artigos espalhados por diversos jornais e revistas da época.
Em respeito à memória de seu marido, Yedda Lemos Schmidt criou a Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt, que tem como objetivo estimular o aperfeiçoamento intelectual e profissional de jovens, mediante estudos e pesquisas, cursos, palestras e exposições, além de acesso a todo acervo e obra literal do poeta.
Segundo a própria viúva, a criação da Fundação é uma resposta à inúmeras indagações político-sociais do poeta, empresário, jornalista e político Augusto Frederico Schmidt.
*Do Programa de Estágio do JB