Começou hoje (20) a II Copa dos Refugiados, no Sesc Interlagos, na capital paulista. Participantes de 24 países jogam no campeonato, organizado para aumentar a integração entre esses estrangeiros, que escolheram o Brasil para fugir de conflitos e perseguições em seus países de origem.
O representante da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil, Andrés Ramirez, destaca que o evento é uma confraternização organizada pelos próprios refugiados, com valor simbólico, já que hoje é o Dia Mundial do Refugiado.
“Hoje a gente celebra a resistência, a luta, a atitude positiva que os refugiados têm para reconstruir suas vidas. Eles passaram por uma etapa muito trágica, situações de dramas humanitários, de terem sido perseguidos, vítimas de conflitos”, ressaltou Ramirez.
O crescimento no número de refugiados tem sido uma tendência mundial, segundo Andrés Ramirez. Ele explica que o Brasil segue essa tendência, com crescimento nos últimos cinco anos superior à média mundial, chegando a 2.000 %. “Isso está relacionado ao fato de que o Brasil tem mais destaque no cenário internacional, a sétima maior economia do mundo, um país que tem tradição pacífica e que tem tido boa vontade para receber as pessoas”, disse.
O secretário nacional de Justiça e presidente do Comitê Nacional para Refugiados, Beto Vasconcelos, calcula que existam no país, atualmente, 7,9 mil refugiados. A maior parte são Sírios, mas há também um grande contingente de senegaleses, nigerianos, angoleses, afegãos e paquistaneses.
Em todo o mundo, de acordo com Beto, são 59,5 milhões de pessoas deslocadas em razão de conflitos e perseguições e quase 20 milhões de pessoas reconhecidas oficialmente como refugiadas. “Isso leva a uma reflexão bastante profunda sobre o que nós estamos fazendo do nosso mundo. Que intolerância e que conflitos são esses que estão gerando essa situação dramática de violação de direitos humanos?”, questionou.
Jeanka Dumba Mulondayi veio da República Democrática do Congo há dois anos e aguarda o reconhecimento da sua condição de refugiado. Ele conta que a Copa foi organizada pelos participantes e que ele é um dos responsáveis pela realização do evento. “Sou representante da minha comunidade, o organizador principal”. Jeanka evitou comentar a razão que o fez deixar seu país. Disse, apenas, que gosta da sua nova vida. “O Brasil me recebeu bem, tenho que agradecer ao país. Estou muito feliz de estar aqui no Brasil”.
O nigeriano Olu Muri também está satisfeito com a decisão de se refugiar no país. “O Brasil é muito bom, gosto muito do país. Tive trabalhos aqui e agora estou procurando um novo emprego”, afirmlou. Olu representou o time da Nigéria, jogando durante a partida de hoje que foi um amistoso contra Camarões.
Após a partida houve o sorteio para as próximas disputas que envolverão as selções do Afeganistão, de Angola, da Argélia, de Bangladesh, Burkina Faso, Camarões, da Colômbia, Costa do Marfim, de Cuba, da Etiópia, Gâmbia, de Gana, da Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, do Haiti, Iraque, Máli, da Nigéria, do Paquistão, da República Democrática do Congo, do Senegal, de Serra Leoa, da Síria e do Togo.