ASSINE
search button

Igrejas devem participar da luta pela preservação do planeta, diz Luiz Pinguelli

Compartilhar

Carta Encíclica Laudato Si, divulgada pelo papa Francisco em junho deste ano, que pede urgência de um diálogo sobre o meio ambiente e o controle das emissões de gases de efeito estufa, foi discutida hoje (5) em encontro que reuniu o Fórum de Mudanças Climáticas e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento ocorreu no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujo Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) é sede, desde 2004, da secretaria-executiva do fórum.

O secretário executivo do fórum e atual diretor de Relações Institucionais da Coppe, Luiz Pinguelli, disse que é “bem-vinda” a participação, não só da Igreja Católica, mas de todas as religiões, no esforço pela conservação do planeta. Segundo ele, a Encíclica do papa deu apoio e publicidade a um problema grave que afeta a todos. “Seja qual for a religião que venha a se interessar por problemas de ordem técnica e que têm importância para a vida humana, isso é bem-vindo”. As igrejas, afirmou Pinguelli, podem atingir um número maior de pessoas devido à sua característica de massa. “Isso é bom”.

A capacitação das pessoas para que entendam e participem da luta pela preservação do planeta pode e deve ser uma atribuição das religiões, disse o coordenador do Ivig-Coppe, Marcos Freitas. Para o professor, as religiões acabam assumindo um papel importante, por sua abrangência, na tomada de decisões da população. “À medida que a igreja vai aderindo a discussões que andavam longe da discussão religiosa, que nesse caso específico está mais concentrada na questão do aquecimento do clima, essa participação pode dar uma musculatura maior para o tema”.

A aproximação com a CNBB para debater temas vinculados ao meio ambiente não é novidade para o coordenador do Ivig-Coppe que, em 2003, quando diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), promoveu seminário para esclarecer dúvidas dos religiosos sobre a cobrança pelo uso de água. Marcos Freitas disse que é preciso “aproveitar a onda” do papa Francisco e debater assuntos de interesse para o futuro da humanidade, como aquecimento global, mudanças climáticas. Para ele, o caminho é integrar as religiões nessa discussão.

No último mês de agosto, lideranças de 12 comunidades religiosas assinaram, no Rio de Janeiro, a Declaração Fé no Clima, na qual manifestaram posicionamento de consenso sobre as mudanças climáticas. O documento pretende ser uma contribuição informal do segmento religioso brasileiro à 21ª Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), que ocorrerá a partir de 30 de novembro, em Paris.

Para o assessor do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, que articula pastorais sociais da CNBB e movimentos sociais, Ivo Poletto, as religiões podem ajudar a aumentar a consciência de que os membros das comunidades das igrejas precisam ter uma relação amorosa e de cuidado com o ambiente na sua complexidade. Segundo ele, o homem pode e deve se juntar a outras pessoas de boa vontade para fazer avançar iniciativas, até em nível global, que evitem o agravamento das mudanças climáticas.