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Presidente interino do BTG diz que banco não é alvo de investigação

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O presidente interino do banco BTG Pactual, Persio Arida, em carta a clientes, disse que a instituição não é alvo de nenhuma investigação ou acusação. Na carta, Arida afirma que escreve para compartilhar as medidas que o banco tomou, nos últimos dias, diante das notícias envolvendo o presidente-executivo André Esteves, preso no dia 25, na Operação Lava Jato.

“Os resultados divulgados no 3º trimestre desse ano foram excelentes, as perspectivas que se abrem com a internacionalização do Banco – que hoje tem menos de 40% de sua receita vinda do Brasil – são muito promissoras e a expansão das nossas operações na América Latina e na Suíça, através do BSI [banco suíço controlado pelo BTG], está indo muito bem”, ressaltou Arida, que foi um dos idealizadores do Plano Real e presidente do Banco Central.

O presidente interino acrescentou que o banco é sólido e encontra-se em uma posição de robustez financeira. Arida acrescenta que o banco está colaborando com as autoridades brasileiras encarregadas da condução do inquérito e mantendo um contato proativo com os reguladores de todos os países em que o banco tem presença. “Além disso, lançamos um programa de recompra das ações do banco. E, finalmente, estamos promovendo, com a participação de membros independentes do nosso Conselho de Administração, uma revisão dos fatos relacionados às acusações feitas contra o Sr. Esteves para assim garantir que todos os assuntos sejam esclarecidos da forma mais rápida possível".

Arida disse, no comunicado, que mais de 80% das ações do banco são detidas pelo grupo de mais de 200 sócios do banco. “Continuamos gerenciando o BTG Pactual como sempre o fizemos. Gostaríamos de agradecer aos nossos stakeholders [público estratégico], sem os quais não teríamos chegado até onde chegamos, pela sua confiança e parceria ao longo de todos esses anos."

Investigados pela Operação Lava Jato, André Esteves e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foram presos na última quarta-feira (25), acusados de atuarem para obstruir a investigação e tentar fazer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró desistir do acordo de delação premiada.

Com a prisão, Esteves que era o 13º mais rico do Brasil, com fortuna estimada em R$ 9 bilhões, caiu para a 15ª posição, no ranking da Forbes. Agora tem fortuna estimada em R$ 7,6 bilhões.

As ações do BTG Pactual estão caindo desde o dia 25. Hoje, às 13h20, as ações da instituição financeira caíam 2,74%. Ontem, os papéis do banco caíram 2,87%, depois de perder 21,01%, na quarta-feira.

Ontem (26), a agência de classificação de risco Moody's colocou em revisão para rebaixamento o perfil de risco de crédito individual do BTG Pactual (BAA3) e suas notas (ratings), devido à prisão do presidente-executivo e controlador da instituição. Para a Moody's a prisão pode gerar impactos na relação do banco com os clientes e parceiros. A agência disse acreditar que, enquanto permanecer a situação, cuja duração é incerta, pode haver implicações negativas para o BTG, que depende de captação de recursos no mercado. “Ao mesmo tempo, notamos que BTG tem mantido uma grande quantidade de ativos líquidos [que podem ser vendidos rapidamente] em seu balanço, uma estratégia que se destina a equilibrar a sua inerente dependência de captação no mercado e a riscos de liquidez”, informou a agência.

A agência Fitch Ratings também colocou, ontem, o BTG Pactual e as entidades relacionadas ao banco em observação negativa. Segundo a agência, a observação negativa reflete os riscos do possível impacto financeiro nos negócios do BTG Pactual. “As reações dos bancos que concedem linhas de financiamento ao BTG Pactual, dos clientes e das contrapartes ainda são incertas, mas a agência avaliará a materialidade do impacto a curto e a médio prazos”, disse a Fitch. A agência lembra que o BTG Pactual nomeou o executivo Persio Arida como presidente-executivo interino, mas a Fitch diz que reconhece a importância de André Esteves como “atuante e carismático, com destacada atuação nas operações e na expansão do banco — o que traz incertezas sobre uma sucessão tranquila, caso seja necessária."

O BTG Pactual é um banco de investimentos listado e controlado por uma sociedade de executivos. O BTG Pactual tem sede no Brasil e atuação em vários países como Colômbia, México, Estados Unidos, Reino Unido e China. A instituição tem R$ 302,8 bilhões em ativos, de acordo com o último balanço do banco, referente a setembro.

Entre as áreas de atuação do banco, está o investimento em empresas como sócio. Com essa estratégia, o BTG Pactual tornou-se sócio da Sete Brasil, empresa investigada na Operação Lava Jato. A companhia foi criada para administrar sondas de perfuração próprias e contratadas para a Petrobras usar na exploração das descobertas de petróleo em águas profundas da camada do pré-sal. O banco também tem participação no Banco PanAmericano, entre outras empresas.

O BTG Pactual é gestor de fundos de investimentos, atua no mercado de capitais, em operações com títulos de renda fixa e variável e também em fusões e aquisições de empresas. A instituição atua ainda nas áreas de câmbio e commodities (produtos primários com cotação internacional) e na gestão de fortunas.