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Quinta, 5 de junho de 2025

Crítica: 'Contra o tempo'

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Um capitão do exército americano acorda de um sonho ruim em um trem em movimento. Sua última lembrança é estar num helicóptero em combate no Afeganistão. Não demora, ele descobre que assumiu a identidade de outro homem. Oito minutos depois, o trem explode e o capitão acorda numa espécie de cápsula. Um monitor se acende à sua frente; nele surge uma mulher que lhe diz que é preciso voltar ao trem e descobrir quem o explodiu.

Contra o tempo, dirigido por Duncan Jones, com Jake Gyllenhaal, propõe em treze minutos o que outros filmes possivelmente levariam duas eternidades para propor. Não se trata de uma ficção científica sobre a (tão sonhada) viagem no tempo, mas sobre sua reorganização e como é possível (no filme, bom lembrar) rebobiná-lo e, sabe-se lá como, interferir nos fatos. "Não estamos aqui para consertar o passado, mas para afetar o futuro" diz a personagem de Vera Farmiga, a mulher no monitor.

Tão confuso quanto o espectador a esta altura, o personagem de Gyllenhaal lembra-se de que é um soldado, logo com uma missão a cumprir, e faz o melhor que pode para entender o que se passa. Ele precisa voltar, quantas vezes for necessário, aos oito minutos anteriores à explosão do trem e descobrir o autor do atentado. Tal e qual o repórter de Feitiço do tempo (1993) ele vê repetida uma série de pequenos acontecimentos nos quais acaba interferindo, embora sem resultado algum, afinal, aqueles oitos minutos, repetidos à exaustão, já se passaram.

Não seria prudente entrar em mais detalhes sobre a trama, isso certamente estragaria a experiência de assistir Contra o tempo. Fiquemos apenas com o fato de que Duncan Jones, aqui dirigindo seu segundo longa - o primeiro foi o excelente Lunar (2009) - entra para uma lista de diretores contemporâneos - gente como Christopher Nolan, por exemplo - que, mesmo trabalhando no sistema de grandes estúdios e imensos orçamentos, consegue renovar gêneros e conferir aos projetos que desenvolvem traços de um cinema mais arejado, desassociado o quanto pode dos efeitos visuais (o bendito CGI), interessado em entretenimento com alguma classe.

Cotação: **** (Excelente)