O Theatro Municipal do Rio de Janeiro iniciou, como parte das comemorações de seus 110 anos, a entrega para o público 8 mil documentos digitalizados em seu site, que retratam espetáculos realizados desde a inauguração, em 1909. Os 110 anos do museu serão completados em 14 de julho.
No acervo, é possível encontrar programas de apresentações, fotos e matérias de jornais. A chefe do Centro de Documentação (Cedoc) do Theatro Municipal, Fátima Gonçalves, disse que o trabalho, de quatro anos, envolveu equipe do próprio teatro: “Estamos entregando 8 mil documentos na íntegra e a gente espera que o restante [do acervo] venha para o público muito antes do previsto”. A documentação disponível corresponde aos primeiros 50 anos de atividades. Segundo o presidente do teatro, Aldo Mussi, a digitalização dos 60 anos restantes já foi iniciada.
Fátima Gonçalves destacou, entre os documentos digitalizados, os programas de inauguração do teatro, no dia 14 de setembro de 1909; da peça “O mambembe”, com Fernanda Montenegro e Sérgio Britto; da Companhia de Teatro dos 7, comemorativo ao cinquentenário; da apresentação da peça “Dom João Tenório”, que teve figurinos e cenários assinados por Salvador Dalí, em dezembro de 1959.
Bidu Sayão e Nelson Rodrigues
Da vasta lista, constam também a primeira apresentação completa do balé “Lago dos cisnes” para a América Latina, em 1959; a estreia da cantora lírica Bidu Sayão em “O barbeiro de Sevilha”, em julho de 1926, quando ela integrava a Companhia Italiana do Teatro Constanzi; a estreia da peça “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, em dezembro de 1943, considerada “um divisor de águas em relação à discussão de uma nova moralidade e dos temas tabus na sociedade da época”; a primeira audição mundial da ópera “Izaht”, de Villa-Lobos, em 1958; e a apresentação da ópera “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, com música de Tom Jobim e cenário de Oscar Niemeyer, em 1956.
“A gente tem muita coisa para rememorar”, afirmou a chefe do Cedoc, citando o recital do compositor e pianista russo Igor Stravinsky, em 1936, e a apresentação do também compositor clássico Richard Strauss, em 1922.
Fátima Gonçalves relembra que, de 1909 a 1959, o Theatro Municipal era considerado a principal instituição de cultura do antigo Distrito Federal: “Tudo que era nome famoso, tudo que era moda, se apresentava aqui”. Um exemplo foi a cantora lírica grega Maria Callas, que se apresentou em setembro de 1951. “A gente teve toda essa efervescência dentro do Theatro Municipal e, agora, o público vai poder se deliciar com essa história toda”.
Para fazer a consulta, o interessado deve acessar a página, buscar a opção “Centro de Documentação” e clicar em “Acesso à Pesquisa”. Na nova janela, é preciso entrar em “Acesse o acervo on line” e, em seguida, na outra janela, clicar na caixa “Museu, FTM – Centro de Documentação do Theatro Municipal”.
Programação especial
Mussi antecipou que a programação de aniversário terá a apresentação de dois balés e duas óperas, mas não revelou os nomes. O trabalho será feito em com o diretor musical, maestro Luiz Malheiro. Audições internas já começaram e são feitas diariamente com coristas do teatro para seleção de alguns papéis. O presidente pretende convidar brasileiros com carreira no exterior, tanto do balé como da ópera e da música, para as apresentações no Municipal. Além disso, o teatro está acertando a temporada internacional, com a produtora Dell’Arte, com o Balé Nacional da China, com orquestras da Inglaterra, do Canadá, da França e com a Ópera de Pequim.
As comemorações marcarão a volta do sistema de portas abertas, em que toda a programação do dia será gratuita. As sessões de domingo, 11h, serão abertas ao público, com ingressos a R$ 1. “Tudo que for disponível à noite vai ter sessão no domingo pela manhã aberta a todo mundo”, diz Mussi..
Direção busca apoio para criar museu
A nova direção do Theatro Municipal está buscando, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e da Superintendência de Museus, parcerias para viabilizar a criação do museu do teatro. A ideia é que todo o acervo documental, iconografias, figurinos e cenários fiquem abertos à visitação. O museu deverá funcionar no próprio Theatro Municipal, com exposições permanentes, temporárias e itinerantes. A Central Técnica de Produção do teatro, localizada na Gamboa, na Zona Portuária, receberia também uma galeria, segundo Aldo Mussi. A expectativa é que o museu esteja funcionando dentro de um ano e meio ou dois anos.
Mussi está acumulando o cargo de presidente do Theatro Municipal e diretor-geral da Sala Cecília Meireles e não descarta a possibilidade de uma gestão conjunta. A equipe de Mussi está formatando modelos que permitam integrar várias ações. Já está definido, por exemplo, que a orquestra e o coro do Municipal vão participar dos concertos na Sala Cecília Meireles:. “Nossa equipe de programação, de produção, está nos auxiliando na curadoria da Sala. É um equipamento que tem muita sinergia com o Theatro Municipal”.
OSB na Sala Cecília Meireles
A pré-temporada da Sala Cecília Meireles começa, hoje, com uma apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) que apresentará cinco sinfonias de Beethoven. Ainda durante este mês, haverá dois concertos da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (OSUFRJ). No dia 24 de fevereiro, a Sala será dedicada às crianças, com apresentação da Farra dos Brinquedos. (Com Agência Brasil)