Policiais federais cumpriram, ontem, oito mandados de busca e apreensão para apurar supostas tentativas visando prejudicar as investigações dos homicídios da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março de 2018. Segundo a Polícia Federal (PF), a apuração é sigilosa e os mandados foram autorizados pela Justiça. Informações do jornal "O Globo" dão conta, porém, que um dos mandados de busca e apreensão teve como endereço a casa do deputado Domingos Brazão.
Os mandados foram autorizados pelo juiz do 4° tribunal do Júri, Gustavo Kalil, que autorizou o compartilhamento do inquérito que apura o crime para a PF.
A Polícia Federal começou sua apuração em novembro do ano passado, depois de receber denúncias de que agentes do estado estariam agindo para prejudicar as investigações do caso, a cargo da Delegacia de Homicídios da capital, da Polícia Civil. De acordo com a PF, os agentes federais não estão apurando a autoria ou motivação dos assassinatos, já que isso é responsabilidade da Polícia Civil. A PF informou que não vai se manifestar sobre sua investigação até que seja concluída.
Segundo jornal "O Globo", porém, a investigação da força-tarefa da Polícia Federal vai de encontro à tese de que o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, e o vereador Marcello Siciliano (PHS) seriam, respectivamente, o autor e o mandante da execução.
A Polícia Federal entrou no caso em outubro do ano passado, após denúncia de Curicica à Procuradora-Geral da República, Rachel Dodge, de que estaria sendo pressionado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH) a assumir a autoria do crime.
De acordo com a reportagem do jornal, os bastidores da investigação teriam revelado um suposto esquema de pagamento de mesadas a policiais da DH para a não elucidação de casos envolvendo a contravenção. Dessa forma, os investigadores federais estariam buscando indícios de que Curicica e Siciliano não teriam, de fato, participação no duplo homicídio.
Um dos alvos da operação de ontem, o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão (MDB), se queixou da atuação dos agentes do Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua casa, num condomínio de luxo na Barra da Tijuca.
"Entraram na minha casa, às 6h15m, com uniformes camuflados, armados de metralhadoras, além de usar escudos e capacetes. Antes disso, arrombaram minha porta e quase atiraram no meu cachorro. Eu tenho foro por prerrogativa de função, por ser conselheiro. A ordem judicial foi expedida por um juiz de primeiro grau do estado, quando o mandado deveria ter sido assinado por um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ)", reclamou o conselheiro afastado, segundo "O Globo".
A Polícia Federal também cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências do policial militar Rodrigo Ferreira considerado testemunha-chave do caso pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH) , a advogada de Ferreira, Camila Moreira Lima Nogueira; o delegado da Polícia Federal Hélio Khristian; e o ex-policial civil Jorge Luiz Fernandes. (Com Agência Brasil)