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Colisão de trens mata um e fere oito

Defensoria Pública fecha acordo, e Supervia assina Termo de Ajustamento de Conduta que prevê distribuição de 30 mil bilhetes, além de indenização

Mauricio Pingo/AE -
Trens da SuperVia colidem na estação de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira, 27. Um maquinista ficou preso às ferragens
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Dois trens da Supervia colidiram ontem na Estação São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Mesmo após um esforço de resgate dos bombeiros que durou mais de sete horas, um dos maquinistas morreu. Outras oito pessoas ficaram feridas. O acidente aconteceu por volta das 6h50, entre duas composições de passageiros que seguiam na direção de Deodoro, na Zona Oeste da cidade.

Os dois vagões não estavam muito cheios, pois seguiam no contrafluxo. O impacto da colisão fez com que um dos vagões descarrilasse. Sete pessoas foram levadas com ferimentos ao hospital Souza Aguiar, e outro ferido foi encaminhado ao Hospital Salgado Filho. Os bombeiros informaram que as pessoas que se machucaram tiveram ferimentos leves e todos foram liberados até o fim da tarde de ontem.

Macaque in the trees
Acima, bombeiros trabalham no resgate do maquinista: Rodrigo da Silva Ribeiro Assumpção, de 40 anos, ficou mais de sete horas preso às ferragens em colisão de trens na estação de São Cristóvão. Os bombeiros tentaram reanimá-lo por 40 minutos (ao lado), mas o maquinista não ressuscitou (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp) informou que está investigando as causas da colisão e a Supervia que também afirmou estar investigando o que ocorreu poderá ser multada. "Além das causas da colisão, também serão objeto de análise pela agência reguladora a adequação do atendimento prestado aos usuários pela concessionária e os procedimentos adotados para o restabelecimento da normalidade na operação comercial dos trens", informou a agência em nota oficial.

Resgate

O maquinista Rodrigo da Silva Ribeiro Assumpção, de 40 anos, morreu por volta das 15h30, após ter ficado preso no metal retorcido, imprensado e com dificuldade para respirar, enquanto os militares lutavam contra os restos da composição tentando salvá-lo. Um dos bombeiros em ação era o capitão Rodrigo Barbosa, do Corpo de Bombeiros, recém-chegado de Brumadinho, que se emocionou com o resgate: "Ele foi muito forte. Um guerreiro".

Os bombeiros tiveram muitos problemas para rasgar a lataria do trem e retirar Assumpção dos destroços. Enquanto alguns tentavam abrir caminho com ferramentas no meio das ferragens, outros hidratavam o ferido.

Macaque in the trees
Trens da SuperVia colidem na estação de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira, 27. Um maquinista ficou preso às ferragens (Foto: Mauricio Pingo/AE)

Durante o trabalho, o maquinista foi mantido vivo respirando com auxílio de um balão de oxigênio, além de receber transfusão de sangue e soro. Segundo a corporação, Assumpção estava lúcido e conversou com os agentes que estavam tentando retirá-lo das ferragens.

Quando conseguiram tirá-lo dos restos da composição, o ferroviário, em uma maca, estava desfalecido. Por cerca de meia-hora, os militares tentaram reanimá-lo, com massagem cardíaca, sob olhares aflitos de passageiros, repórteres e empregados da concessionária. Mas foi inútil: Assumpção morreu ali.

Os dois trens, assim como a Linha 1 do ramal Deodoro, estavam equipados com o ATP (Automatic Train Protection), sistema que, de acordo com a SuperVia, reforça a sinalização. Trata-se de um aparelho que, em tese, impede colisões uma falha nesse mecanismo terá de ser apurada. A concessionária instaurou sindicância para apurar as causas do acidente no prazo de 30 dias.

Reparação e indenizações

A Supervia assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para reparar de forma individual e coletiva os danos causados pelo acidente. O TAC foi acertado com a Defensoria Pública do Estado do Rio e prevê a distribuição de 30 mil bilhetes para passageiros do Ramal Deodoro, como uma forma de reparação coletiva. Os critérios para a concessão dos bilhetes deverão ser divulgados pela Supervia dentro de 30 dias. Diante da Defensoria Pública, a Supervia se comprometeu ainda a custear integralmente o tratamento médico, fisioterápico e psicológico de todas as vítimas. Todos os passageiros atendidos e catalogados em unidades de saúde até hoje em consequência da colisão serão ressarcidos. Ainda segundo a Defensoria Pública, está previsto o pagamento de indenização por danos morais às vítimas. O valor da reparação é confidencial.

As vítimas terão 120 dias para buscar reparação e precisam comprovar o dano relatado ou o atendimento. A adesão ao acordo extrajudicial é facultativa, e as vítimas que preferirem podem iniciar ações judiciais individuais. O TAC foi assinado pela segunda subdefensora pública-geral do estado, Paloma Lamego, o subcoordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria, Eduardo Chow, o presidente da Supervia, José Carlos Prober, e o advogado da empresa, Marcelo Ferreira Franco. (Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

Fernando Frazão/Agência Brasil - Acima, bombeiros trabalham no resgate do maquinista: Rodrigo da Silva Ribeiro Assumpção, de 40 anos, ficou mais de sete horas preso às ferragens em colisão de trens na estação de São Cristóvão. Os bombeiros tentaram reanimá-lo por 40 minutos (ao lado), mas o maquinista não ressuscitou