Não é novidade que quando chove, o Rio de Janeiro vira um verdadeiro cenário de 'caos' com: alagamentos, trânsito e deslizamentos de terra. O forte temporal que começou na última segunda-feira (8) deixou 7 mortos e deixa uma pergunta no ar para cariocas e moradores: Por que o Rio de Janeiro sofre com temporais e chuvas?
A questão é antiga, corriqueira e frequentemente causa prejuízos e riscos à população por falta de planejamento por parte dos gestores públicos que gostam de colocar a culpa nas 'mudanças climáticas', explica o doutor em engenharia de recursos hídricos e saneamento ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o engenheiro civil Geraldo Lopes da Silveira.
"Em geral as chuvas que causam danos são temporais naturais, onde a infraestrutura urbana deveria ter condições de enfrentar. Sistema de lixo eficiente, rede de drenagem bem dimensionada, retenção da água dos telhados em reservatórios superficiais e subterrâneas para reter os volumes infiltrados por meio de pavimentos permeáveis".
Outro alerta é para o risco de doenças de veiculação hídrica como a Leptospirose, oriunda do xixi do rato, onde qualquer pessoa que caminha na inundação pode contrair a doença.
'Prevenir é melhor do que remediar', diz especialista
Ele também afirma que as condições geográficas do Rio são naturalmente propensas às cheias, mas que existem maneiras de prevenir a situação e simples com 'planejamento'.
"As chuvas são fenômenos naturais, que sempre ocorreram, podem até serem modificadas em micro clima urbano. Mas o que provoca o caos é a desarrumação urbana. Impermeabilização das superfícies e sistema de lixo ineficiente", explica.
O maior agravante é o fato de não ter medidas simples que poderiam minimizar os estragos da chuva com organização, o considerado 'feijão com arroz', como por exemplo: a limpeza e manutenção dos bueiros e das ruas. "Está sim faltando gestão e planejamento, pois com bueiros selados, a água piora a situação da impermeabilização das superfícies. A água não tem para onde ir, não pode infiltrar no solo, nem para as canalizações pluviais", explica o especialista.
É preciso garantir a execução de planos e o cumprimento de regras de ocupação e construção. especialista lista algumas medidas que não são grandes obras, mas podem contribuir para evitar cenários como o que vem se repetindo quando chove no Rio, com investimentos no sistema de coleta das águas que caem nós telhados em reservatórios; pavimento permeável que não deixa a água escorrer na superfície, pois a infiltra. "São inúmeras medidas de baixo custo, mas precisa gestão. É bom lembrar que Prevenir é 100 vezes mais barato que remediar. A Vale de Brumadinho que o diga".
Diante destas questões, qual é o grande desafio do Rio para os próximos períodos e para evitar a repetição destas tragédias que envolve a natureza? Silveira avalia que é uma 'gestão adequada', planejada e responsável dos resíduos sólidos e da drenagem urbana. "São medidas de prevenção e não de remediação", defende ele, que completa: "Claro que alguma grande obra, se houve espaço urbano pode ajudar, mas só será eficiente depois de arrumar a casa".