Natasha Neri, Agência JB
RIO - Cerca de 50 parentes e amigos de Carlos Alberto de Sousa, 42 anos, morto em Laranjeiras há uma semana, participaram da missa de sétimo dia e de uma caminhada pela pela principal rua do bairro, em lembrança ao assassinato. A missa na Igreja Redentor começou às 6h30 e os participantes, segurando velas, seguiram em procissão até o bar Confeitaria Laranjeiras, no número 347 da rua de mesmo nome. Carlos foi morto com um tiro de fuzil na testa quando tomava cerveja com os amigos no bar.
Morador de Laranjeiras, o supervisor de telemarketing da empresa Contax ia ficar noivo dia 16 de abril da namorada Simone Brandão, 29, que conheceu no trabalho. Segundo a família, Carlos era uma pessoa tranqüila e costumava beber com amigos na Confeitaria Laranjeiras depois do trabalho. Pouco depois da meia-noite do dia 23, teve seus sonhos interrompidos por uma bala de fuzil, disparada por um dos dois homens que atiraram contra o bar.
Os sonhos do Carlos acabaram no bar, de que ele tanto gostava - indignou-se a irmã da vítima, de 55 anos. Não podemos esperar que aconteça isso com outra pessoa para nos manifestar contra a impunidade. Somos pessoas de bem, trabalhadores que pagam seus impostos. Onde estão os governantes para nos dar segurança?
Em frente ao bar, família e amigos rezaram um Pai Nosso e bateram palmas em homenagem a Carlos. Namorada do supervisor de telemarketing, Simone revelou estar desacreditada em relação ao fim da violência:
Acho que não tem mais solução. Amanhã a gente pode ser vítima da violência. O Carlos não pensava que fosse morrer assim e não tinha medo de andar à noite pela cidade.
Desde a noite do crime, o movimento de clientes caiu no bar, que passou a fechar uma hora mais cedo, à meia-noite. O nome do bar também vai mudar para Eustakio's Bar. Funcionário do estabelecimento, Altino Gonçalves conversava com Carlos no momento dos disparos e está traumatizado com o crime.
Quando começaram a atirar eu me escondi atrás do balcão. Não achava que fosse sobreviver. Quando levantei, percebi que o Carlos estava baleado no chão. Foi muito triste. Agora não consigo trabalhar sem ficar olhando para fora do bar, porque acho que os bandidos vão voltar. contou Altino.
Testemunhas do crime disseram que os bandidos pararam um carro preto no meio da Rua das Laranjeiras, saltaram do veículo e dispararam várias vezes. De acordo com investigações da 9ª DP (Catete), a hipóteses principal é de que os bandidos pretendiam matar outro freqüentados do bar. Moradores do bairro alegam que o bar é ponto de venda de drogas. O crime poderia ter a ver coma disputa pelo ponto de comércio de entorpecentes.