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Sexta, 9 de maio de 2025

Fim do Cimento Social revolta Morro da Providência

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Fernanda Thurler, Jornal do Brasil

RIO - O clima no Morro da Providência, no Centro, não é dos melhores. Ao saberem, através da reportagem do JB publicada nesta quinta, que o Exército cancelara o projeto Cimento Social, os moradores fixaram seis faixas na entrada da comunidade, onde funcionava o canteiro de obras.

Em uma delas está escrito: "Já que não podem trazer de volta a vida dos nossos irmãos, pelo menos nossos empregos". Não bastasse isso, na quinta novo tiroteio aumentou o saldo de vítimas. Um homem foi morto e, segundo moradores, sua família foi obrigada pela polícia a arrastar o corpo uma viatura. Outras duas pessoas ficaram feridas.

Nesta sexta, às 16h, moradores partirão, da associação em passeata. Eles querem o fim das ações violentas.

George Conceição de Oliveira, 26, além de ter perdido o irmão, Marcos Paulo Rodrigues Campos, no episódio em que militares entregaram três jovens do morro a traficantes de uma comunidade rival, ainda sofre para sustentar os três filhos. Depois de ter trabalhado por um mês e meio no Cimento Social, voltou ao desemprego. Há 20 dias, conseguiu um biscate no barracão da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, na Cidade do Samba.

O trabalho no projeto era bem melhor. Além de ter carteira assinada, eu recebia mais. Ainda não perdi a esperança confessou George.

A estudante Amanda dos Santos, 19, espera há cinco meses, desde que a obra foi paralisada, pelo telhado. A estrutura de alvenaria ficou pronta, mas, quando os operários iam começar o cobrir com as telhas, a obra foi embargada

Os políticos prometem mais do que podem cumprir. Espero apenas que o telhado seja concluído pediu Amanda.

Os moradores pensam ainda em organizar um protesto para cobrar um posicionamento oficial sobre o fim do Cimento Social. Alex Oliveira dos Santos, 32 anos, encarregado da obra, disse que vai esperar até segunda-feira.

Se ninguém se manifestar, vou convocar os ex-funcionários para um protesto em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Santo Cristo revelou Alex. Os desempregados ainda estão na expectativa de que a obra vá voltar.

Alex cobra, agora, ajuda do idealizador do projeto:

O (Marcelo) Crivella, quem deveria nos ajudar, não aparece. Os assessores dele já prometeram uma reunião com a gente e nada.

Procurado pelo JB, o senador Crivella não se pronunciou.