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Segunda, 5 de maio de 2025

Execução no quarteirão nobre de Ipanema

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Jornal do Brasil

RIO - Enquanto ônibus eram queimados e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, comovia-se com o drama de crianças na Cidade de Deus, outro crime bárbaro acontecia às 11h30 desta quarta-feira em Ipanema, um dos bairros mais nobres da cidade. Com três tiros um deles na nuca o pecuarista e bicheiro Rogério Mesquita, 65 anos, foi executado na esquina das ruas Visconde de Pirajá e Maria Quitéria. A principal suspeita é de que o assassinato tenha sido motivado por um acerto de contas da máfia dos caça-níqueis.

Mesquita foi morto quando quando seguia a pé até uma academia de ginástica. Testemunhas disseram que dois homens numa motocicleta esperaram o sinal fechar na Visconde de Pirajá, quando um deles desceu e atirou. Os bandidos conseguiram fugir e a vítima foi levada para o Hospital Miguel Couto. A polícia não tem pistas do assassino, mas sabe que o pecuarista tinha relações com pessoas ligadas ao jogo do bicho.

Maninho

Mesquita já foi administrador de um sítio em Cachoeiras de Macacu, que pertencia ao contraventor Waldemir Paes Garcia, o Maninho antigo patrono da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro de quem foi um dos homens de confiança durante 30 anos. O ex-patrão que atuava principalmente na Zona Sul foi morto em setembro de 2004, quando saía de uma academia de ginástica na Freguesia, Zona Oeste do Rio. A morte de Maninho desencadeou uma briga na família e entre dirigentes da cúpula do jogo do bicho, na qual o bicheiro colecionava inimigos.

Em 2007, Mesquita chegou a ser preso por suspeita de envolvimento na morte de Guaraci Paes Falcão, o Guará vice-presidente do Salgueiro e sua mulher, Simone Moujarkian. Em maio do ano passado, o pecuarista foi vítima de outro atentado, quando dois disparos atingiram uma de suas pernas. Dois meses depois, ele prestou um depoimento detalhado composto por 11 páginas no Ministério Público em Cachoeiras de Macacu.

Na ocasião, Mesquita relatou a disputa pelo controle do espólio da família Garcia, que começou com a morte de Maninho. O depoimento contém acusações ao marido de uma das filhas de Maninho José Luiz Barros Lopes, o Zé Personal, casado com Shana Garcia. Ele seria o mandante de pelo menos oito assassinatos. Zé Personal foi preso em setembro, em São Paulo, mas encontra-se solto.

Segundo investigações, Zé Personal disputa o espólio de Maninho com Alcebíades Paes Garcia, o Bide irmão do bicheiro que passou a dividir o comando do Salgueiro. Zé Personal já era investigado pela Delegacia de Homicídios também pelo primeiro atentado sofrido por Rogério Mesquita.