Mario Hugo Monken, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - O esqueleto de um hotel abandonado na Estrada das Canoas, em São Conrado, um dos lugares mais valorizados do Rio, parece ter se transformado em um estande de tiros. Nos 14 andares do edifício, que abrigaria o Gávea Tourist Hotel, todas as paredes estão repletas de buracos feitos à bala muito juntos um no outro. Há garrafas espalhadas algumas delas quebradas e que serviriam como alvos dos atiradores.
Há indícios de que policiais já usaram o local. Em uma das paredes metralhadas, há uma frase que levanta a suspeita: Getam quebra geral .
Para quem não se lembra, o Getam era o antigo Grupamento Tático Móvel da Polícia Militar, que foi substituído pelo Ronac. Pessoas que trabalham nas redondezas disseram ao JB que já viram PMs circulando pelo esqueleto.
O edifício abandonado também virou cemitério de carros. No térreo, há pelo menos quatro carcaças de veículos, todos eles com marcas de tiros. Há uma placa jogada no chão e que seria de um dos carros (JET-0068).
Em todos os seus andares, há pichações com as siglas de facções criminosas, como o CV (Comando Vermelho). A polícia, no entanto, desconhece qualquer ação criminosa no esqueleto.
Não tive qualquer conhecimento de prática de algum crime nesse local, disse a titular da 15ª DP (Gávea), delegada Bárbara Lomba.
O comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Sérgio Alexandre Rodrigues do Nascimento, também afirmou não saber da atuação de PMs no prédio abandonado.
Se tem alguém treinando tiro, é por vontade própria, disse
Rapel
O cenário sombrio e perigoso, no entanto, não impede que praticantes de rapel usem o prédio para suas escaladas. Um esportista, que não quis se identificar, confirmou ao JB que até policiais treinam no esqueleto.
Nós realizamos treinamentos de rapel tático e de abordagem com policiais civis afirmou.
A delegada Bárbara disse ter conhecimento de que policiais fazem treinamento de rapel no prédio.
O esqueleto também costuma ser ocupado por mendigos ou invasores. Há panelas, pratos e talheres de plástico espalhados por vários andares. Em muitos locais, existem resquícios de fogueiras, o que indica que pessoas costumam passar noites no prédio.