Antes da Força de Pacificação, formada por militares do Exército, deixar o Complexo de Favelas do Alemão e da Penha, previsto para junho, passando a segurança para a Polícia Militar, a região vai passar por uma grande operação que tem por objetivo fazer uma varredura a fim de acabar com que ainda existe de poder do tráfico de droga nas duas regiões. O trabalho será feito pelos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque, disse o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, ao apresentar um balanço da ocupação dessas comunidades, que completa um ano.
Segundo Beltrame, os militares vão ocupar uma área a cada dois meses. A expectativa é que a ação termine em junho do ano que vem, com a implantação de uma unidade de polícia pacificadora (UPP). "O propósito da UPP é a derrocada do império impostos por armas automáticas. Tem tráfico de drogas como em todo mundo, mas aqui as pessoas se assenhoram dos territórios. Esses muros vão sendo derrubados, proporcionando que a cidade se integre. O ganho é totalmente subjetivo, no primeiro momento: é o de uma mãe não ver uma pessoa portando um fuzil, ou uma criança com uma granada na cintura. Isso é violência e isso nos agride", declarou ele.
Em uma avaliação dos últimos 12 meses de ocupação dos dois complexos de favelas, Beltrame disse que ainda não é possível falar em sucesso mas, segundo ele, índices, como o de criminalidade, confirmam a melhoria de vida das comunidades locais. Ainda assim, o secretário admitiu a ocorrência inevitável do que chamou de incidentes.
"Garantir que nada vai acontecer é impossível. As coisas estão boas ou ruins em relação a um determinado tempo. Se olharmos agora com o que era há um ano, tenho certeza que está muito melhor. Mas aquilo que se pretende, que é a diminuição ou nada de ruim aconteça, é uma meta a ser alcançada, e essa perseguição é eterna por melhoria de índices de criminalidade. Se olharmos para trás, se caminhou muito, mas se olharmos para frente ainda há muito o que fazer", disse ele.
O chefe do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, lembrou que a ocupação já resultou na prisão de mais de 170 pessoas envolvidas com o tráfico nas duas regiões, além da apreensão de drogas e armas, ressaltando as dificuldades que os militares enfrentam no local. "Estamos falando de dois complexos enormes, numa topografia muito difícil, com mais de 20 comunidades que foram abandonados pelo Estado durante 30 anos. Os criminosos viviam aqui dentro e mandavam. Isso aqui era território deles, e o crime daqui estava causando problemas na cidade como um todo", afirmou.
De acordo com o general, por essas características a Força Pacificadora ainda não consegue evitar alguns confrontos. "Se estamos patrulhando, e, de repente, nos deparamos com local de venda de tráfico, que são itinerantes, ele vai tentar defender. Mas, em um ano, considerando a área que estamos, quantos incidentes? O incidente é relevante, mas a quantidade de incidentes é irrelevante", avaliou Pereira Júnior, explicando que a função dos militares é a segurança dos moradores.
"Não podemos fazer operações que geram risco colateral. Não posso fazer uma operação para prender alguém, se essa operação vai colocar em risco moradores. A principal função nossa é preservar a vida dos moradores", disse ele.