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Hospital Anchieta reabrirá como unidade de suporte

Darze, do SinMed, lamenta o "atestado de óbito' passado à unidade

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Desativado para reformas no final do ano passado, com promessa de reabertura para o primeiro semestre deste ano, o Hospital Estadual Anchieta, no Caju, segue de portas fechadas apesar da reforma ter sido aparentemente concluída. Quando for reaberto, o hospital deixará de receber pacientes e servirá apenas como unidade de suporte do Hospital do Cérebro, que fica na Praça da Cruz Vermelha, Centro. 

Em março, o Jornal do Brasil noticiou o sucateamento dos hospitais públicos no Caju. A reportagem mostrou que os dois hospitais que funcionavam na região – Anchieta e Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião(IEISS) – estavam fechados, além de denunciar a ocupação irregular do IEISS. Questionada à época, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o Hospital Anchieta passava por reformas. A previsão era de voltar a funciona ainda no primeiro semestre deste ano.

Nesta terça-feira(28), o JB retornou ao hospital e verificou que aparentemente as obras haviam terminado, no entanto, a unidade permanece fechada. Novamente procurada, a SES revelou que a unidade, antes especializada em ortopedia, está em fase final de reformas. A novidade é que quando for reaberta, deixará de realizar atendimentos e se limitará a receber pacientes do Hospital Estadual do Cérebro, que necessitem de um tempo de internação prolongado.

Com isso, o hospital passa a funcionar apenas como uma extensão. Segundo a SES, a mudança acontece devido à grande demanda no Rio por unidades especializadas em cérebro e visão. Segundo a secretaria, a criação deste tipo de unidade resulta num esvaziamento nas emergências de outros hospitais.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed), Jorge Darze, rebate a justificativa da secretaria. Segundo ele, o Rio tem carência em todas as áreas de saúde e o fechamento do Hospital Anchieta só piora o quadro. Ele lamenta que “desativem uma unidade referência em ortopedia e com grande importância social”.

Darze lembra outras unidades recentemente fechadas e considera como grande problema a falta de debates no Conselho Estadual de Saúde sobre decisões como estas, como prevê a legislação.

“É mais uma unidade que o governo assina atestado de óbito. Já sepultaram o Instituto São Sebastião, estão fazendo o mesmo com o Iaserj e agora mataram o Anchieta. Todos sem discussão nos fóruns que a legislação estabelece”, critica.

CMS

Parte do terreno do hospital foi cedido pelo Governo do Estado à prefeitura, que inaugurou no local, no final de abril,  um Centro Municipal de Saúde (CMS). A unidade conta com sala de imunização, sala de coleta de procedimentos, odontologia, esterilização, cantinho da amamentação e sala de curativo.

Moradora do Caju, Fátima Soares, 68 anos, foi ao CMS realizar um exame de pressão. Ela elogiou a abertura do centro, mas lamentou que o Hospital Anchieta permaneça fechado. "Faz muita falta porque era o único hospital que ainda atendia aqui no Caju. E era muito bom", queixa-se.

Ocupações

Apesar da intervenção feita em julho pela Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro (EMOP) no Instituto de Infectologia São Sebastião, quando foram demolidas diversas construções irregulares que eram erguidas no terreno, o cenário atual é lamentável.

Diversas famílias seguem morando nas instalações do antigo hospital, ignorando os riscos que  o local pode oferecer. Antenas de TV por assinatura e roupas penduradas são visíveis na fachada do prédio.

No dia 20 de agosto o atendimento ambulatorial do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião passou a funcionar no Hospital dos Servidores, no Centro.  O Instituto vinha funcionando desde 2008 no hospital central do Iaserj.