A greve das universidades federais iniciada há mais de três meses chegou ao fim somente para os alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Isso porque em assembleias realizadas desde a última quarta-feira (29), os docentes da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) decidiram manter a paralisação mesmo depois do governo ter encerrado as negociações de reajuste salarial e reestruturação da carreira.
A decisão pela manutenção da greve venceu por ampla maioria tanto na UniRio, quanto na UFF e na Rural. Na UFF foram 73 votos a favor e 19 contra; na Rural foram 101 a 9; e a Unirio contou com apenas um voto contrário à greve. Já na UFRJ, em assembleia nesta sexta-feira (31), ocorreu exatamente o oposto. A maioria dos docentes decidiu abandonar a paralisação. O retorno às aulas, ainda do primeiro semestre letivo de 2012, está previsto para o próximo dia 10 de setembro.
Responsável pelo comando de greve das universidades federais, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) informou que vai anunciar à noite como ficará a paralisação em todo o país.
Aulas na UFRJ recomeçam no próximo dia 10
A maioria absoluta dos 513 professores que participou da assembleia realizada nesta sexta-feira (31), no Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, decidiu pelo fim da greve naquela instituição de ensino. A previsão é de que as aulas serão retomadas no dia 10 de setembro.
Uma nova assembleia está marcada para o dia 4 do próximo mês, quando será decidido como será feita a reposição das aulas perdidas nos mais de três meses de paralisação. Após o período de reposição, haverá um intervalo de uma semana para o início do segundo período de 2012. Ou seja, o segundo período letivo já está atrasado.
Mauro Iasi, presidente da Associação de docentes da UFRJ, fez um balanço da greve nacional dos professores e como pensa a decisão dos docentes da instituição de suspender a greve :
"A greve pode ter acabado, mas a luta continua. Nós fomos desrespeitados pelo governo, que assinou o acordo com uma entidade que não representa a maioria das universidades. Nós achamos que o que acontece nesse momento é uma mudança de tática necessária com relação a um governo que dá as costas para a educação. Trabalhamos com o comando nacional de greve, e estamos indicando essa mudança de tática em um encaminhamento a esse comando."
Iasi falou também sobre como será essa nova tática com relação às reivindicações dos professores, envolvendo principalmente o plano de carreira.
"A nossa greve é um momento da luta. Durante todo o ano de 2011, tentamos buscar pontos de discordância e concordância com o governo em relação a uma proposta de carreira. O cenário, o interlocutor e a nossa pauta mudam. Agora o interlocutor é o Congresso Nacional, no que se refere ao encaminhamento da proposta orçamentária e do processo da lei de carreira. Parte da pauta segue tendo validade, principalmente a questão da carreira. Mas a questão salarial para 2013 cai, na medida que a o projeto de lei orçamentária será enviado hoje(31)".
Iasi garante que a mobilização da universidade continuará, mesmo com a volta às aulas.
" A greve acabou, mas a luta continua. Nós achamos que é essencial estarmos na universidade e mobilizados para acompanhar os investimentos em infraestrutura para que eles sejam dirigidos onde são de fato necessários."
A greve nas Universidades federais começou no dia 17 de maio, e a UFRJ decretou a greve em assembleia realizada no dia 22 do mesmo mês. Entre as principais iniciativas da greve, estão a ocupação do Canecão, na Urca, que já dura 40 dias.
Há uma proposta de um projeto de reposição das aulas perdidas do primeiro semestre. Após uma semana de paralisação, teria início o segundo período letivo da universidade. A proposta será votada na reunião do Conselho de Ensino de Graduação, que será realizada na próxima terça-feira(4). Na quarta-feira(5), está marcada uma nova assembleia da Adufrj, com o objetivo de se deliberar a melhor maneira de repor os dias letivos.