Nesta segunda-feira (23), a reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) divulgou uma nota oficial em seu site anunciando o fechamento das portas da universidade por pelo menos uma semana, alegando estado de insalubridade e falta de segurança devido à suspensão dos pagamentos feitos pelo governo estadual para as terceirizadas.
Na nota, assinada pelo reitor Ricardo Vieiralves, ele alega que as conversas com o governo acontecerão durante toda a semana para que a situação seja regularizada o mais rápido possível. A assessoria de imprensa da universidade diz que a paralisação não afeta a realização da prova do vestibular, agendada para o próximo domingo (29).
Por fim, o reitor afirma que as atividades consideradas imprescindíveis não serão paralisadas, e que a situação deverá estar normalizada na próxima terça-feira (1°).
Em uma página administrada por alunos da universidade em uma rede social, a situação foi ironizada com memes satirizando a decisão do reitor.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) em parceria com a Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj) está convocando os alunos e funcionários para uma manifestação no próximo dia 9, em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para pressionar de maneira contrária ao anúncio do governo de redução de 46% do orçamento das universidades do Estado. O ato será em parceria com os estudantes da UENF e da UEZO, outras instituições afetas pela crise.
A professora do Instituto de Ciências Sociais e presidente Asduerj, Lia Rocha, comentou com o Jornal do Brasil sobre a decisão do reitor, que segundo ela foi tomada de maneira arbitrária.
“A Asduerj já vem denunciando essa situação pela qual a faculdade está passando há muito tempo, todo mundo esta acompanhando. Ano passado já aconteceu uma situação semelhante e as férias foram antecipadas. Nossa questão é a atitude arbitraria do reitor, pois ele tomou a decisão de suspender as atividades sem conversar com os acadêmicos e sem falar com os órgãos que regulam o calendário. Nós discordamos da forma que a decisão foi tomada, pois deveria ter acontecido em parceria com os conselheiros da universidade. Na última reunião do conselho, o reitor sequer apareceu”, comentou.
Lia Rocha lembrou sobre o ato organizado em parceria com o DCE e pediu a participação de Ricardo Vieiralves, que de acordo com a professora, seria um reforço importante.
“Nós estamos organizando um ato para o próximo dia 9 em frente à Alerj, e seria muito importante que o reitor se somasse, mas isso ele não quer fazer. Ao invés de fazer as coisas da maneira certa ele resolve cancelar as aulas da noite para o dia, e de maneira arbitrária”, convocou a professora.
Para encerrar, a professora ressaltou que a situação na universidade era insustentável, e que as aulas deveriam ser suspensas, mas não da maneira como foi feita. Lia Rocha disse também que a suspensão do repasse por parte do estado afetou não só a situação do campus, como também afetou a vida de alunos mais necessitados, pois o pagamento de bolsas também foi suspenso.
“A decisão de suspender as atividades, realmente não teria condições de continuar, mas a decisão deveria ter sido tomada de uma maneira mais organizada e planejada. A crise realmente afetou a universidade, para ter ideia, eu tenho alunos que terão que subir nove andares de escada, pois o elevador da universidade não está funcionando. Outros estão entrando com recurso para abono de falta, pois eles não têm dinheiro para vir à aula devido à suspensão das bolsas. Agora pouco recebi a informação de um colega que falta internet em um dos campus por falta de pagamento.” Encerrou a Lia Rocha.
O JB também ouviu o aluno Pedro de Oliveira, estudante do último período do curso de Comunicação Social, e segundo ele, a situação na faculdade é vergonhosa. De acordo com o aluno, a limpeza e a falta de segurança no campus preocupam e que isso não é a primeira vez que acontece.
“Essa situação afeta a todos nós alunos, essa semana a faculdade estava suja, e quase sem nenhum segurança. Em menos de um ano é a segunda vez que isso acontece, a região já tem índices altos de violência e inclusive assaltos já aconteceram dentro do campus. Sem o pagamento dos seguranças, não existe condições de estudo”, lembrou o estudante, que comentou que nessa situação não há condições básicas para estudo. “Falta limpeza, falta segurança. O banheiro está em situação vergonhosa, papel higiênico jogado pelo chão, mictórios estragados sem funcionar. Eu sinceramente não sei se em uma semana a reitoria vai conseguir resolver isso com o governador, a situação é vergonhosa”, reforçou.
Na última semana o governador Luiz Fernando Pezão anunciou que iria suspender o pagamento das empresas terceirizadas para priorizar os servidores ativos e inativos. As contas do Estado se agravaram com a crise financeira pela qual o país atravessa e também devido à queda da arrecadação da receita do petróleo. A situação está colocando em cheque inclusive o pagamento da segunda parcela do 13º salário dos 460 mil servidores do estado.
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A secretaria estadual da Fazenda alega que a prioridade é realizar o pagamento dos servidores, e que o governo está fazendo de tudo para angariar fundos.