O jornalista e crítico de cinema Rodrigo Fonseca foi afastado do quadro de docentes da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, após a divulgação de denúncias de assédio sexual e moral feitas por 13 estudantes da instituição. Fonseca, por sua vez, decidiu se afastar da presidência da Associação de Críticos de Cinema do RJ (ACCRJ) até que o episódio seja esclarecido. Colaborador do JB, ele nega as acusações e enviou ao jornal uma carta de esclarecimento (veja abaixo).
>> Em carta, crítico se defende das acusações
O site BuzzFeed deu publicidade à história, na quarta-feira passada. A escola confirmou as denúncias e o afastamento de Fonseca em nota oficial divulgada na quinta-feira. Diz a nota, assinada pela direção: “A Escola de Cinema Darcy Ribeiro vem a público esclarecer os fatos envolvendo a denúncia de alunas contra o ex-professor Rodrigo Fonseca. Antes de mais nada, insta esclarecer que a Escola não tinha se posicionado publicamente para não expor a comunidade escolar e, notadamente, as alunas, que não queriam ter as suas identidades reveladas, nem tampouco o caso em si. Entretanto, internamente, diante da gravidade dos relatos, a Escola, de imediato, apoiou e atuou, como, inclusive, continua apoiando, através de assistência social, psicológica e assessoria jurídica, as alunas, fazendo com que, logo após o relato dos fatos, toda a turma não tivesse, como, de fato, não teve, mais qualquer contato com o Professor, cujo contrato não foi renovado, estando afastado da Escola. A Escola de Cinema Darcy Ribeiro, comandada por mulheres, em todos os seus órgãos deliberativos (Presidente do Conselho, Diretora/ Fundadora e Coordenadora de Ensino), jamais teve ciência de qualquer outro episódio idêntico ou parecido como este que, agora, veio à público, em seus 18 anos de existência, e sempre pautou suas ações, estimulando o ambiente escolar igualitário, livre, autônomo, com respeito à diversidade em todas as suas manifestações. Registra, por fim, que repudia qualquer ato de assédio, discriminação, e refuta com veemência qualquer atitude que viole o bem-estar de toda a comunidade escolar”.
Os alunos, por sua vez, divulgaram uma carta aberta em que afirmam que as alunas fizeram uma reunião, em 9 de julho, com algumas turmas da escola, em que relataram episódios de assédios sofrido ao longo das aulas com o professor durante o primeiro semestre do ano. No texto, afirmam que Rodrigo Fonseca distribuía livros e DVDs de brinde, mas que a oferta seria direcionada e que as alunas teriam começado a se ver em situações constrangedoras, com “ligações durante a madrugada, mensagens abusivas, olhares asquerosos, tentativa de contato físico, perseguição dentro de eventos”. De acordo com a denúncia, “o docente não respondia mais às perguntas das alunas assediadas e, quando o fazia, era sem seriedade, demonstrando fúria e imaturidade, colocando-as em posição de extrema opressão. Durante as aulas, fazia piadas vexatórias com as alunas abordadas, com intenção de humilhação”. Uma das alunas relatou uma tentativa do professor de beijá-la à força, quando os dois usavam transporte público para voltar para casa.