Em um país com dimensões continentais como o Brasil, onde a distribuição demográfica e de renda ainda estão concentradas nos grandes centros, o ensino à distância (EAD) ganha força como solução para democratizar o acesso à informação e sanar o problema da falta de qualificação profissional, que deixa muitas vagas em aberto no mercado de trabalho.
Além de dar igualdade de oportunidades aos alunos, disseminando o ensino de qualidade usualmente oferecido nas grandes capitais, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, o EAD apresenta-se com uma vantagem competitiva agressiva. Seu sistema é financeiramente mais viável, já que não soma ao valor do curso os gastos com alimentação extra, transporte, estacionamento e até hospedagem. Outra questão importante é que os alunos podem se dedicar às aulas em períodos que não afetem a atividade profissional ou mesmo outros cursos que porventura façam.
Desta forma, enxergo o EAD como um trampolim de qualificação profissional, bastando ao aluno observar as escolas que vêm investindo em conteúdo, técnicas e tecnologia capazes de suprir suas expectativas dentro deste modelo online. Esta é a nova busca destes consumidores de conhecimento, já tão conectados e engajados em suas redes sociais.
Nesse sentido, toda a mudança de comportamento nos leva a crer que a adaptação do presencial para o online faz com que o preconceito existente em relação ao ensino à distância diminua. A qualificação, a homologação e o chancelamento já são preocupações inerentes das instituições de ensino, mas aqueles que se lançaram ao desafio também poderão outorgar e, então, levar a um ciclo virtuoso. Uma das provas de que o mercado já vem aceitando de maneira igualitária as duas formações está na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que, recentemente, homologou o Curso de Comissário de Voo Online.
Há ainda outro fator que torna o EAD um bom negócio para os interessados na modalidade: existe no Brasil um movimento de migração de pessoas em busca de maior qualidade de vida e, para muitos, isso significa afastar-se dos grandes centros. Somando a este público a parcela da população que tem vontade de aprender mas vive em cidades pequenas e que através deste tipo de aprendizado cada vez menos abandona a terra natal, é possível enxergar um futuro promissor para este sistema, que vence barreiras e distâncias, formando também profissionais capazes de romper os limites.
* Salmeron Cardoso, formado nos cursos de segurança de voo, atendimento em primeira classe e executiva, treinamento de comissários, combate a incêndios e sobrevivência na selva — já ocupou o cargo de comissário de voo como chefe de equipe nacional e internacional, e exerceu as funções de gerenciamento da tripulação, instrução e atendimento a passageiros — atua como diretor do Ceab (Centro Educacional de Aviação do Brasil) desde 1998.