Uma empresa não é um puro agente econômico, não vende apenas produtos, mas deve administrar sua relação com o público. Preços justos são possíveis quando praticados por empreendimentos que expandem as formas de cooperação em meio a um ambiente competitivo. Ações cooperativas proporcionam significativas vantagens em relação a ações estritamente individuais. A cooperação evita o desgaste de uma competição contínua, estressante e predatória nos sistemas.
Pessoas que não confiam reciprocamente e não cooperam dificultam a operacionalização da produção, contribuem para o aumento do custo da transação. Daí o atual interesse em desvendar motivações e estímulos que levam ao estabelecimento de relações pautadas pela confiança e pela reciprocidade. A integração competitiva nos mercados globais tem revelado que vínculos sociais sólidos entre empresa e seu meio social alavancam diferenciais fundamentais de produtividade. É a afirmação de uma economia jogada com regras em que todos ganhem através de uma adequação entre competição e cooperação capaz de rejeitar a dicotomia entre interesses econômicos e questões sociais. Essa ótica da economia descarta uma visão meramente instrumental do problema da eficiência.
Eficiência, genericamente, diz respeito ao grau de efetividade dos meios empregados, num dado processo, para alcançar um objetivo ou gerar o resultado visado. Porém, quando se trata de processos que mobilizam indivíduos e causam efeitos na sociedade, torna-se necessário contabilizar tanto os dispêndios de recursos assumidos pelos indivíduos e pela organização diretamente implicados quanto os custos indiretos revertidos para a sociedade ou transferidos para gerações futuras.
Tais processos se materializam, com maior ou menor intensidade, de acordo com as condições objetivas nas quais se desenvolve cada experiência mobilizadora. A eficiência deverá estar compreendida por valores voltados para a qualidade do grupo implicado, e consistirá na capacidade de gerar resultados por meio da oferta de produtos com qualidade referida, sobretudo, a seu valor de uso. Essa eficiência pode ser assimilada ao conjunto de meios que, além da reprodução dos indivíduos, da sua vida biológica e social em níveis moralmente aceitos, promovam a reprodução ampliada da vida.
Esta reprodução ampliada compreende um desenvolvimento durável e sustentável na qualidade de vida dos indivíduos que contemple, para além dos aspectos materiais, o nível consciente dos desejos, acesso igualitário ao sistema de justiça, estar ao abrigo da violência física e psíquica.
* Tarcisio Padilha Junior é engenheiro.